Quando o mundo sofre pressões que
sufocam o ser humano, Deus nos oferece um alívio e mostra seu amor
misericordioso. Nas trevas da doutrina jansenista, que queria uma religião
dura, rigorosa, fechando o caminho do Céu, Jesus abre seu peito e mostra
seu coração para acolher seus amados,
por quem deu a vida e por quem teve o coração aberto pela lança. Dele correu
sangue e água. Águas do Batismo e sangue da Eucaristia. Somos lavados e
alimentados. Temos até a imagem do pelicano que, na falta de comida, bica o
próprio peito para que os filhotes se alimentem de seu próprio sangue. Só o
amor de Deus é capaz de se entregar como um rio para saciar a sede e a fome do
mundo. Misericórdia não é amolecer a
religião, mas endurecer as forças do mal e abrir as comportas do amor de Deus.
Não sei como podemos ser exigentes com os outros, quando lemos na Palavra de
Deus tantas maravilhas da bondade e carinho de Deus para com seu povo e para
com cada um de nós, mesmo corrigindo nossos maus caminhos e maldades. Deus nos
corrige. Mas sua mão não nos fere. Ela sempre está a nos consolar e acolher,
como uma mãe que abraça o filhinho. Lembramos o salmo: “Fiz calar e sossegar a
minha lama; ela está em grande paz dentro de mim, como a criança bem tranqüila,
amamentada no regaço acolhedor de sua mãe” (Sl 130,2). Temos que nos desligar do órgão
coração e nos fixarmos no amor que ele simboliza. Em 1856, Pio IX instituiu a festa litúrgica
do Sagrado Coração de Jesus. Temos que ir ao Amor de Deus para entender e viver
essa devoção.
2051. Amar como Ele amou
Há um grande clima de
espiritualidade nos tempos atuais. Podemos dizer que nosso tempo será o século
da espiritualidade? Ou será o tempo do amor que se doa? Há um risco de ser uma
espiritualidade como uma academia espiritual para o proveito próprio. Seria a
anulação do Evangelho de Jesus. Não podemos pegar Jesus e usar suas palavras
somente em proveito próprio. É interessante ver que continuamos a não ter Jesus
e seu Evangelho como modelo. Ficamos nas citações que confirmam nossos
pensamentos e não nossas idéias e ideais que se apoiam na vida e nas palavras
de Jesus. Não uma visão antiga de salvar tua alma e o resto que se ajeite. As sagradas
promessas não podem ficar só no proveito próprio e garantia da própria
salvação. Jesus não foi assim. Por isso cantamos: “Amar como Jesus amou”. Os
homens e mulheres que realmente seguiram Jesus foram pessoas tremendamente
corresponsáveis com as pessoas e com os sofrimentos do mundo, de modo
particular os pobres. Isso é o autêntico social, o cuidado com o ser humano.
2052. O amor não morre.
A grande certeza que temos sobre o
amor é que ele não morre. Está sempre a nascendo nos corações e sua semente tem
vigor eterno. Jesus não foi um personagem da história, como tantos outros. Ele
permanece para sempre abrindo os rios da misericórdia que brotam de seu
coração. Seu amor é de sempre e para sempre. Nisso podemos concluir que está
sempre a nos tocar e chamar a continuar seu amor manifestado em todos os
momentos de sua vida, principalmente em sua entrega. É desse amor que fazemos
memória. Não é só um sentimento, mas um modo de vida e uma vida que se
multiplica. Na festa do Sagrado Coração, devemos superar o egoísmo espiritual
de receber graças e sermos nós continuadores de suas graças através de nosso
coração que sabe amar. No fim de nossa vida, em nosso encontro com Deus, vamos
ser interrogados sobre o amor.
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