quarta-feira, 6 de junho de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Meu Senhor e meu Deus”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
A paz esteja convosco
               O centro da liturgia de hoje é a profissão de fé de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). No apóstolo descrente encontramos todo homem que tem dificuldades de acolher a proposta de Jesus. Ele aparece aos discípulos no primeiro dia da semana, que simboliza o primeiro dia da nova criação. Jesus se faz presente como o Homem Novo ressuscitado. E diz: A paz esteja convosco. É uma saudação habitual. Nesse momento, contudo, adquire um sentido novo: É a sua paz, como disse na Ceia (Jo 14,27), a salvação total, o repouso em Deus. Soprando sobre os discípulos faz o homem novo como fizera Deus ao primeiro homem, Adão. Soprando em suas narinas, dá-lhe o hálito de vida (Gn 2,7). Agora é o hálito Divino que faz os discípulos novas criaturas. Jesus doa o Espírito Santo para a remissão total. Ele nos redimiu e o Espírito Santo atua em nós a redenção, como rezava a antiga liturgia romana: “O Espírito é nossa Redenção”. Esta remissão traz a paz. Não é um perdão dado no escurinho a pecados ocultos, em voz baixa, numa atitude intimista que tira a responsabilidade que o cristão tem pela paz e redenção de todos. É mais cômodo. Deus veio para curar os males que estão vivos e destruindo e seus filhos queridos, males inclusive que mataram seu Filho querido. Tomé não aceitou o testemunho dos companheiros apóstolos. Ele quer um Jesus físico que pode ser tocado como uma prova humana. Jesus se mostra e pede a aceitação pela fé. Jesus dá a Tomé a demonstração que nós somos felizes por crermos sem ter visto (Jo 20,29). Dizemos com ele: “Meu Senhor e meu Deus!”. Está é a fé completa, dom do Espírito Santo. A ela todos são chamados.
Comunidade, ninho da fé.
               O ato de fé constrói a Igreja, pois une “num só coração e numa só alma” (At 4,32) os que creem. A nova criação se concretiza na vida da comunidade com as dimensões de fé, fraternidade, Palavra de Deus e Eucaristia. É Espírito Santo que a anima gerando o Shalom de Deus, o tempo novo no qual todas as coisas são renovadas (Ap 21,5). Modo de viver a fé na comunidade é o primeiro evangelho escrito com fé e amor da comunidade. Ela é o primeiro testemunho que impressionava o povo. Ser um só coração e uma só alma chegava ao concreto colocando os bens em comum (sonho dourado que não se vê realizar). O testemunho da comunidade era uma pregação constante: “Vede como se amam!” diziam os pagãos. Os requisitos para uma comunidade ser apostólica é a frequência ao ensinamento do Evangelho. Os apóstolos o faziam diretamente. Não havia ainda o texto. O segundo elemento é a Eucaristia, chamada de Fração do Pão, elemento fundamental do domingo. Os cristãos da Bitínia diziam: não podemos viver sem o domingo. Por este gesto reconhecemos o Cristo e aprendemos a viver na fraternidade como as refeições em comum. Era uma comunidade de oração. O contato com Deus em Cristo é fundamental.
Frutos da fé.
               São Pedro bendiz a Deus Pai por sua misericórdia que, “pela Ressurreição de Jesus nos fez renascer para uma esperança viva, para uma herança incorruptível reservada a nós nos céus”. Pela fé temos a vida eterna. O sofrimento que Pedro já sofria e via os cristãos sofrerem pela perseguição não destruía sua fé. Pedro elogia nossa fé: “Sem ter visto O Senhor vós O amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será uma fonte de alegria, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (1Pd 1,8-9). Não vemos o Ressuscitado, mas O amamos. Celebramos o Tempo Pascal bebendo desta fonte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário