quarta-feira, 9 de maio de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu, porém vos digo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA-REDENTORISTA
50 ANOS CONSAGRADO
A perfeição do amor
            A Palavra de Deus proclamada na celebração de hoje confere um valor muito grande ao ensinamento de Jesus. Jesus cumpre a lei do Antigo Testamento, mas aperfeiçoa seu conteúdo. Por isso o Antigo Testamento só pode ser compreendido a partir de Jesus, o novo Moisés. Os dois Testamentos não podem ser tratados do mesmo modo. Jesus não modifica a lei, mas aprofunda: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”. O que Jesus propõe com Seu ensinamento é realizar o mandamento de Deus como Ele. E diz: “Se vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20). Jesus explica a razão de ser maior, dando-nos o mandamento do amor: “Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros”. E diz como é este amor: “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34). A novidade da lei de Jesus é o fundamento da lei que passa da execução exterior para o interior do coração. Por isso diz: “Eu porém vos digo”.  Em primeiro lugar lembra a lei sobre o respeito à vida: Não basta não matar, mas também respeitar a pessoa, pois a palavra grosseira tem o mesmo peso de um assassinato (21). Em segundo lugar, o respeito ao amor a quem se comprometeu a amar. A fidelidade ao casamento deve ser não somente física, mas afetiva. O desejo já é adultério (28). É no coração que se é fiel. Quem ama, ame por inteiro. Em terceiro, não há necessidade de fazer juramento, mas ser fiel em tudo. Mentira não deve existir. Jesus é a expressão da fidelidade do Pai. Daí nasce a fidelidade cristã. Vemos que os mandamentos continuam, mas levados à perfeição interior.
É necessária a escolha
            Seguir os mandamentos, ainda mais, levá-los à perfeição, é uma garantia e uma proteção: “Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus tu também viverás” (Eclo 15,16). O mandamento expressa a vontade de Deus. Por isso estão unidos a Ele como um meio de proteção. Eles não diminuem a pessoa humana. São setas indicativas do melhor caminho para a vida. Por isso o Eclesiástico retoma o tema da escolha: “Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal. Ele receberá aquilo que preferir” (Eclo 15,18). É como lemos no Deuteronômio: “Ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e tua posteridade” (Dt 30,19). A opção de seguir o mandamento é vida, pois nos une ao legislador Jesus. Os mandamentos aperfeiçoam o amor. Quando se coloca o amor por primeiro, os mandamentos são alegria.
Sabedoria da vida
            A sabedoria de Deus se manifesta no seguimento dos preceitos: “Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei e de todo coração a guardarei” (Sl 118). O salmo nos ensina a rezar: “Abri meus olhos e então contemplarei as maravilhas que encerra a vossa lei” (id). Deus quer que pratiquemos o bem: “Não mandou ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença para pecar” (Eclo 15,21). Se acontecer o pecado na vida, não foi pela vontade de Deus. Paulo nos ensina que os resultados das boas escolhas nos surpreenderão: “O que Deus preparou para os que O amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9). Esta felicidade não está jogada para o fim da vida, numa vida futura, mas pode ser vivida todo momento quando temos a alegria de escolher o Senhor. Em cada Eucaristia fazemos a experiência desse amor que sustenta a lei.

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