Evangelho
segundo S. João 16,16-20.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Daqui a
pouco já não Me vereis e pouco depois voltareis a ver-Me». Alguns discípulos disseram entre si: «Que significa isto que nos diz: ‘Daqui a
pouco já não Me vereis e pouco depois voltareis a ver-Me’, e ainda: ‘Eu vou
para o Pai’?». E perguntavam: «Que é esse pouco tempo de que Ele fala? Não sabemos o que está
a dizer». Jesus percebeu que O queriam interrogar e disse-lhes: «Procurais entre vós
compreender as minhas palavras: ‘Daqui a pouco já não Me vereis e pouco depois
voltareis a ver-Me’. Em verdade, em verdade vos digo: Chorareis e lamentar-vos-eis, enquanto o mundo
se alegrará. Estareis tristes, mas a vossa tristeza converter-se-á em alegria».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Audiência geral de 16/12/1998
(trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana,
rev.)
«Eu vou para o Pai»
Ponto de partida da nossa reflexão são as palavras do Evangelho, que nos
indicam em Jesus o Filho e o Revelador do Pai. Os seus ensinamentos, o seu
ministério, o seu próprio estilo de vida, tudo n’Ele remete para o Pai (cf Jo
5,19.36; 8,28; 14,10; 17,6). Este é o centro da vida de Jesus e, por sua vez,
Jesus é o único caminho para aceder ao Pai. «Ninguém vem ao Pai senão por Mim»
(Jo 14,6). Jesus é o ponto de encontro dos seres humanos com o Pai, que n’Ele
Se tornou visível: «Quem Me vê, vê o Pai. Como é que tu dizes: Mostra-nos o
Pai? Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim?» (Jo 14,9-10). A manifestação mais expressiva desta relação de Jesus com o Pai verifica-se na
sua condição de ressuscitado, vértice da sua missão e fundamento de vida nova e
eterna para todos os que n’Ele acreditam. Mas a união entre o Filho e o Pai,
como a união entre o Filho e os crentes, passa através do mistério da «exaltação»
de Jesus, segundo uma típica expressão do Evangelho de João. Com o termo
«exaltação», o evangelista indica tanto a crucifixão como a glorificação de
Cristo; ambas se refletem no crente: «O Filho do Homem tem de ser levantado, a
fim de que todo aquele que n’Ele crer tenha a vida eterna. Porque Deus amou de
tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer
não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3,14-16). Esta «vida eterna» não é senão a participação dos crentes na própria vida de
Jesus ressuscitado e consiste em serem inseridos naquele círculo de amor que
une o Pai e o Filho, os quais são uma só coisa (cf Jo 10,30; 17,21-22).
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