quinta-feira, 1 de março de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Parábola do Pai misericordioso”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
Um filho perdido
               Chamamos esta narrativa de parábola do fílho pródigo. Na verdade o certo deveria ser parábola do Pai misericordioso, pois está é a imagem que Jesus usa. Ele vivia um choque com a cultura religiosa dos fariseus e mestres da lei (entendidos da religião) que O criticavam por acolher os pecadores e fazer refeição com eles (Lc 15,2). Na interpretação desta parábola dávamos atenção à situação de “pecado” do filho que saíra de casa e deixávamos de lado a reflexão que Jesus faz sobre a atitude do irmão que recusa e do pai que acolhe. Era um excelente assunto para uma pregação sobre a situação de pecado. Jesus mostra-nos o foco da parábola: vocês são como o irmão mais velho pois não acolhem os pecadores. Devem ser como o Pai que recebe de braços abertos. Jesus mostra que esta é a mentalidade do Pai do Céu que Ele encarna. Ele busca a ovelha e a moeda perdidas. Narra com detalhes a parábola do filho que abandonou a casa, tomou a herança (que só lhe caberia depois da morte do pai), desfez-se em vida do pai, acabou com sua riqueza e caiu na miséria. Foi cuidar de porcos que era o extremo da miséria para um judeu. Nem a comida deles podia comer. Era o fim. Voltou por causa fome. Não contava com o perdão do pai. O pai recebe-o e o coloca no mesmo estado de bem estar que tinha antes: não era empregado porque recebe a sandália; recebe o anel que era o sinal da aliança de filho; E recebe uma festa sinal da acolhida, como diz o pai. Estava morto e tornou a viver, perdido e foi encontrado. Esta parábola responde também a um problema da comunidade primitiva que recusava a presença de pessoas diferentes. O pai é o modelo para a comunidade: acolher o mais degradado, impuro. E festejar como o pai. O pai não se importa de se tornar impuro por tocar o filho. O filho volta à participação plena na casa do pai. A festa do Céu por um pecador que se converta tem uma justificativa: o amor misericordioso do Pai que o manifestou em Cristo.
Um irmão sem fraternidade
               O filho mais velho é o retrato dos fariseus e doutores. Ele é expressão também dos cristãos que recusavam a presença de “diferentes”. Chega do trabalho e ouve barulho de festa. Informado, se recusa a entrar. Agride o pai acusando-o de não reconhecer seu trabalho. O pai mostra ao filho o que não percebera: vivia na comunhão com o pai e tem tudo. A atitude do filho mais velho contradiz a atitude do pai que expressa a bondade de Deus Pai através do Filho Jesus acolhendo os pecadores. Moisés se fez defensor do povo pecador diante de Deus, chamando para as promessas que fizera a Abraão. A Igreja vive muitas vezes um rigor muito grande com os fracos. Não é o mesmo rigor que tem para com os poderosos e ricos que sempre tem tudo. Parece que a lei não é para eles.
Um caminho da fé
               Pastoral é acolher o pecador que volta e ir atrás do que está perdido. Essa é a pregação do Papa Francisco. O fragilizado tem que ter espaço na Igreja. Vivemos uma pastoral dando vitamina a quem está sadio. Vivemos o risco de cristãos sem Cristo, pois têm um Cristo feito à própria imagem e se servem da fé e não à fé.  Não basta acolher o que volta, é preciso ir atrás dos perdidos. A pastoral deve ser baseada na misericórdia e não na aplicação de leis exigentes. É preciso procurar a ovelha perdida. O pai não despreza o filho mais velho: “O que é meu é teu” (31). O filho é que não percebe que vive na abundância do pai e deveria ir ao encontro do irmão.

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