Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Meu Pai trabalha
incessantemente e Eu também trabalho em todo o tempo». Esta afirmação era mais um motivo para os judeus quererem dar-Lhe a morte: não
só por violar o sábado, mas também por chamar a Deus seu Pai, fazendo-Se igual
a Deus. Então Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: O
Filho nada pode fazer por Si próprio, mas só aquilo que viu fazer ao Pai; e
tudo o que o Pai faz também o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho e Lhe manifesta tudo quanto faz; e há-de
manifestar-Lhe coisas maiores que estas, de modo que ficareis admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim o Filho dá vida a
quem Ele quer. O Pai não julga ninguém: entregou ao Filho o poder de tudo julgar, para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não
honra o Pai que O enviou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e acredita n’Aquele
que Me enviou tem a vida eterna e não será condenado, porque passou da morte à
vida. Em verdade, em verdade vos digo: Aproxima-se a hora _ e já chegou _ em que os
mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão. Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim também concedeu ao Filho que
tivesse a vida em Si mesmo; e deu-Lhe o poder de julgar, porque é o Filho do homem. Não vos admireis do que estou a dizer, porque vai chegar a hora em que todos os
que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz: Os que tiverem praticado boas obras irão para a ressurreição dos vivos e os que
tiverem praticado o mal para a ressurreição dos condenados. Eu não posso fazer nada por Mim próprio: julgo segundo o que oiço e o meu juízo
é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que
Me enviou».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Carta a Diogneto (c. 200)
Capítulo. 9
Capítulo. 9
«querer[iam] dar-Lhe a
morte [...] também por chamar a Deus seu Pai"»
Até aos nossos dias, que são os últimos, Deus
foi permitindo que nos deixássemos conduzir ao sabor das nossas inclinações
desordenadas, levados pelos prazeres e pelas paixões. Não que Ele tivesse o
menor prazer nos nossos pecados; de modo nenhum! Apenas tolerava este tempo de
iniquidade, sem nele consentir. Preparava assim o tempo atual da justiça, a fim
de que, convencidos de termos sido indignos durante esse período por causa das
nossas faltas, nos tornássemos agora dignos dele em razão da bondade divina.
[...] Ele não nos odiou nem nos rejeitou. [...] Enchendo-Se de piedade por nós,
encarregou-Se Ele mesmo das nossas faltas e entregou o seu próprio Filho em
resgate por nós: o santo pelos ímpios, o inocente pelos malfeitores, «o justo
pelos injustos» (1Pe 3,18), o incorruptível pelos corrompidos, o imortal pelos
mortais. Que outra coisa, para além da sua justiça, teria podido cobrir os
nossos pecados? Em quem poderíamos ser justificados [...], senão no Filho único
de Deus? Suave troca, obra insondável, benefícios inesperados! O crime de uma
multidão é coberto pela justiça de um só e a justiça de um só justifica
inúmeros culpados. No passado, Ele convenceu a nossa natureza da sua
incapacidade para alcançar a vida; agora mostrou-nos o Salvador capaz de salvar
o que não podia ser salvo. Por estas duas vias, quis encher-nos de fé na sua
bondade e fazer-nos ver nele o que dá o alimento, o pai, o mestre, o
conselheiro, o médico, a inteligência, a luz, a honra, a glória, a força e a
vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário