domingo, 4 de fevereiro de 2018

VERÓNICA DE JERUSALÉM Leiga, Santa Século I

No Evangelho de São Lucas (Lc. 23, 27), podemos ler esta pequena frase, quando o evangelista nos conta a subida de Jesus para o Calvário: “Seguia-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que batiam no peito e o lamentavam”. Não existe qualquer outra indicação que nos permita identificar esta Santa Verónica que a tradição nos apresenta como uma dessas “mulheres do grupo que seguiam Jesus” e que compadecida pela visão terrível do Rosto macerado do Filho de Deus, se dirige a Ele e, corajosamente lhe oferece um tecido para que limpe o rosto. Como recompensa do seu acto caridoso, a Santa Face de Jesus ficará marcada naquele tecido branco, que a tradução chamará “vera ícona” (verdadeira imagem) e daí mesmo o nome daquela mulher do povo, que, segundo outras fontes, veiculadas também pela tradição, se chamava na realidade Serápia. Nesta passagem da Paixão de Jesus se inspira a devoção à Santa Face de Jesus que nos meados do século XIX foi propagada em França pelo chamado “Santo Homem de Tours” (o Sr Papin Dupont), ele mesmo se inspirando numa mensagem privada recebida pela Carmelita de Tours, Irmã Maria de São Pedro.
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Essa devoção tornou-se muito importante e conhecida, não só em França onde teve origem, mas também noutros países, particularmente francófonos, onde confrarias foram instituídas, algumas das quais beneficiando de indulgências e da protecção particular da Santa Sé. Toda a família de Santa Terezinha do Menino Jesus — e mesmo esta —, estava afiliada à Confraria de Tours. Como prova desta devoção, basta lembrar que o nome religioso da Santa e jovem Doutora da Igreja, era Teresa do Menino Jesus e da Santa Face. O culto a Santa Verónica é antiquíssimo, mas desenvolveu-se especialmente na idade média, chegando até nós por intermédio dos escritos que sobre ela apareceram, assim como graças aos pintores célebres que dela se inspiraram para compor obras-primas da pintura universal. Sobre Santa Verónica, nada sabemos, salvo o que nos trouxe a tradição, mas esta incerteza sobre os factos concretos não nos deve impedir de recorrer a ela nas nossas angústias, porque, mesmo que ela se chame Serápia e não Verónica, são uma e mesma pessoa que num momento crucial da Paixão de Jesus soube ter coragem para enfrentar a fúria dos judeus e procurar a Jesus um pouco de reconforto. Poderia aplicar-se aqui o § 67 do Catecismo da Igreja Católica, que diz o seguinte: «No decurso dos séculos tem havido revelações ditas “privadas”, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é “aperfeiçoar” ou “completar” a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja».

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