quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Continuando uma missão”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
1288. Identidade de missão
            “O senhor padre é que sabe!” É uma expressão que ouvia quando trabalhava em Angola. Certamente foi assim ensinado. Às vezes reclamamos do povo que não assume, mas foi ensinado assim. Em uma comunidade humilde, o padre tinha que saber de tudo. Da necessidade passou-se a um poder. Poder não se entrega tão facilmente. Jesus não tinha sede de poder, pois não só se pôs a serviço, dizendo que estou entre vós como Aquele que serve (Lc 22,27), mas não se apegou a ele dentro do grupo apostólico. Foi capaz de colocar colaboradores junto de Si e convidou outros para a mesma missão, como no caso dos setenta e dois discípulos. Eles iam à frente para todos os lugares por onde Ele deveria passar. Ele os instruiu, mas os resultados não foram tão grandes assim. A compreensão só viria depois, com a vinda do Espírito Santo. Vemos como Jesus lidera. Seu poder está em acreditar que os seus frágeis discípulos continuariam Sua missão. Ao subir ao Céu acreditou neles e não se preocupou se dariam conta ou não. Jesus não tinha a mania de pensar que depois dele tudo acabaria. A confiança que teve foi uma grande força para os apóstolos que associaram a si outros que continuassem a missão. A missão dos apóstolos e daqueles que estavam com eles, continuou a missão de Jesus. Há uma identidade de missão. A Ascensão de Jesus e o envio do Espírito estão voltados para a missão. O final do evangelho de Mateus diz: “Ide, portanto, e fazei que todas as povos se tornem discípulos... ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenai. E eis que Eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,18-20). Não só envia, mas lhes entrega sua missão.
1289. À maneira dos apóstolos
            Como Jesus confiou aos apóstolos a missão, estes confiaram a mesma missão aos que creram em Jesus. É difícil desenhar as primeiras comunidades. O que havia para os primeiros cristãos para viver a fé e estabelecer as comunidades? Não havia uma estrutura, nem os textos do evangelho como temos. Por serem humanos tinham problemas, mas Paulo pregava, organizava as comunidades e colocava responsáveis a sua frente. Dirigia essas comunidades através de cristãos mais preparados e escrevia cartas, das quais nos chegaram algumas. Lemos pelas cartas de Paulo, sobretudo aos Romanos 16, como os cristãos assumiam a vida da Igreja. Imaginemos isso no mundo pagão, sem a tradição judaica. Criaram a Igreja como nos narram os Atos dos Apóstolos: “Assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do Pão e às orações”(At 2,42).
1290. Nomes escritos no Céu
            Os colaboradores, que chamamos de leigos, tanto homens como mulheres tinham essa firmeza e grande esperança na Ressurreição de Jesus. Não demorou muito a vir a perseguição. Louvamos e agradecemos a Deus pela maravilhosa contribuição dos cristãos leigos na história da Igreja. Em tantos lugares foram eles que introduziram a fé e mantiveram a vida da comunidade. Somente depois chegaram os ministros ordenados. O Concílio Vaticano II retomou esta riqueza. Na América Latina, foi grande o empenho para que os leigos assumissem seu lugar de evangelizadores e promotores das comunidades. Os documentos de Medellin, Puebla e Aparecida foram fortes na chamada dos leigos à missão. Infelizmente há um retorno ao clericalismo personalista no qual o protagonismo dos leigos é colocado de lado. Devemos continuar a buscar o lugar para todos: homens e mulheres, jovens e crianças. Todos são chamados a ter seu nome escrito no Céu, pois o escreveram com as tintas de sua dedicação. Que as esperanças de uma Igreja sempre nova se realizem.

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