A
gente admira uma pessoa de muitos conhecimentos, de nobreza espiritual, de bom
gosto humano, digamos, completa. E perguntamos: como consegue? Pode ser que
vemos as coisas dos outros e não valorizamos as nossas. Mas outros valorizam. O
que incomoda são as pessoas centradas em si mesmas. Elas têm muitas qualidades,
mas perdem por serem voltadas só para si e, o que é pior, por colocar os outros
a serviço de seus interesses. É por isso que vemos tanto choque entre as
pessoas. Um elemento importante para a boa convivência é sair de si e pensar
nos outros. Vemos o exemplo de Nelson Mandela que se tornou um ícone do líder
que se fez servindo à libertação de toda a discriminação que sofriam os negros,
à custa da própria liberdade por tantos anos em uma cadeia. O modo mais fácil de crescer é sair do
centro. Se a semente não morre, não produz fruto. Jesus já era muito claro: “Se
o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer
produzirá muito fruto” (Jo 12,24).
Sair de si é crescer. Quem se põe sempre como centro, acaba só e fica fora.
Podemos ver que nesses casos, acabam no isolamento. Perde o sentido da vida.
Cristo é o Senhor, para o qual converge o Universo (Ef 1,10), não julgou que devesse se preocupar com sua
condição e se pôs a serviço (Fl 2,6-11).
Na verdade, homem algum é uma ilha, como nos escreve Thomas Merton. Pondo-se a
serviço será o centro, pois, estará unido a Jesus. É como uma roda d’água que
se movimenta o eixo.
1298.
Completo na entrega à vida
Falamos
de Jesus, mas também há no mundo tanta gente boa que chamamos de santos, que se
puseram a serviço. Lembro um exemplo bonito de Santo Afonso de Ligório,
fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, grande advogado, nobre que
deixou tudo para se dedicar com tudo o que sabia e era a serviço da
evangelização, deixando a cidade e indo morar no meio do povo do campo. Isso
não o diminuiu, mas o fez muito grande, ainda em vida. Só queria servir a Deus
no povo, no grande amor de Cristo. A ideia que domina na sociedade é a busca do
prazer, da felicidade, do bem estar e da posse de muitos bens. O maior bem é
viver bem, sem precisar de falsas escoras. Vemos tanta luta pelo poder e tanta
ganância de bens. Tudo passa. Vejamos que permanece na memória do povo os que se
esqueceram de si mesmos dando a vida. São gente para a gente.
1299.
Cooperando com a humanidade
A
maior força que podemos dar à libertação humana e espiritual do povo não está no
poder, na riqueza ou nas vaidades, mas no serviço completo, consumindo-nos para
que todos tenham a vida, como fez Jesus. S. Afonso deu sua contribuição no
campo intelectual, pastoral, espiritual, missionário, religioso. Para isso se
despojou da honra, dos bens e dos cuidados extremados consigo para que a
comunidade humana pudesse encontrar a felicidade no amor a Deus e aos outros. O
cristão consciente e coerente é muito útil para o mundo. Não vive para si nem
para seu grupo religioso, mas para que todos possam ter as condições necessárias
de vida para participar dos bens destinados a todos. Que possamos aprender do
amor que recebemos que o caminho da vida se faz no amor-serviço. O fechamento
do grupo religioso é danoso a si mesmo e aos outros. Os que amam Jesus tudo farão para o bem da humanidade. Deste modo
aprenderemos a ser gente, como nos disse o Criador: “Enchei a terra e dominai-a”,
não só de gente, mas de vida.
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