A misericórdia é obra de Deus. Suas ações são sempre de libertação. Ele
ama libertar-nos de nós mesmos e de tudo o que nos oprime. O cativeiro do Egito
simboliza todo o mal, como veremos na Páscoa. A misericórdia e a bondade de
Deus fazem parte da experiência fundante do povo. Não só ama de coração, mas
toma atitudes concretas: Vi o sofrimento
do meu povo no Egito...conheço seus sofrimentos por causa de seus opressores.
Desci para libertar meu povo e tirá-lo deste país, levando-o para uma terra boa
e espaçosa. Terra onde correm leite e mel (Ex 3,7-8). Viu, conheceu, desceu para libertar e conduzir a uma terra boa. Deus
é consequente. No Novo Testamento Jesus é o bom Samaritano que tem esta atitude
consequente de Deus: Viu o homem machucado, sentiu compaixão, desceu do cavalo,
levou para a hospedaria, tratou dele, deixou um tanto para que fosse cuidado e
voltou para ver como estava. Sem esta
maneira de agir, jamais saberemos o que é a caridade. Certas esmolas só afagam
nossa consciência e tornam a pessoa pior e mais dependente. Aprendamos de Deus.
É Deus que caminha conosco para cuidar de nós. Por isso S. Paulo pede que não
repitamos os erros do passado quando o povo, no deserto, murmurou contra o Deus
que o salvara e o sustentara. Nem por isso Deus o abandonou. Na Quaresma, como
preparação para a Páscoa, retomamos esses momentos da história da salvação e os
contemplamos em Cristo para que sua Páscoa nos modifique para a celebrarmos sem
o fermento do egoísmo.
Caminhos de conversão
Deus
é compassivo e sempre dá os auxílios para nossa conversão como rezamos no salmo
102: “Pois Ele é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo”.
Durante o tempo santo da Quaresma nos são oferecidos os meios para a conversão
e fortalecimento de nossa fé: o jejum, a oração e a caridade fraterna. Vencendo
o egoísmo e abrindo-nos aos irmãos poderemos receber sua misericórdia. A missão
libertadora de Deus se realiza não só através de milagres, mas através de
pessoas que se dispõem a enfrentar com dedicação a libertação dos sofredores de
todas as prisões, sobretudo da prisão do mal institucionalizado na política, na
economia e mesmo na vida espiritual do povo. A Quaresma é uma escola que nos
ensina a viver com mais entusiasmo o ensinamento que Jesus nos deu com Suas
palavras e Sua vida: só na doação é que acontece a libertação. Conversão é o caminho para a Páscoa.
Frutos de conversão
Na
Quaresma conhecemos o carinho de Deus para conosco através de Jesus, nosso
Redentor. É um tempo de conversão. Deus quer ver frutos. Jesus nos dá um
exemplo muito claro: foi buscar fruto em uma figueira e só encontrou folhas. E
não era no tempo de figos (Mc
11,13). A solução é clara: Se não der fruto deve desocupar o lugar. Por
isso o senhor manda cortar. Deus busca frutos em nós. O agricultor, que é
Jesus, pediu um pouco mais de tempo para ver se a árvore ainda se fortaleceria
para produzir fruto. Por que Jesus quer figo quando não é tempo de figo? Jesus
está a dizer que os frutos da conversão podem aparecer. Com o jejum, a esmola e
a oração os frutos virão. Quando não conseguimos, Deus tem paciência e dá o adubo
de Sua graça. Quaresma é tempo de conversão.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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