Deus
visita seu povo
O
Advento nos traz a figura magnífica de João Batista, o Precursor. Ele vem
adiante de Jesus para preparar seu caminho e apresentá-Lo. Veio para preparar
ao Senhor um povo perfeito (Lc 1,17). Ele tem consciência de sua missão. O evangelista
Marcos colhe a dimensão dessa missão: é um profeta enviado por Deus. Jesus o
chama de o maior entre os nascidos de mulher, mais que um profeta (Mt 11,11). Vem
anunciar a presença do Messias prometido. Prepara os caminhos para Deus vir ao
mundo na pessoa de seu Filho Jesus. Nesse sentido se entende que João é a realização
da profecia de Isaias. Esse grande profeta anuncia a vinda de Deus para a
libertação do povo. Deus vem glorioso para levar os exilados de volta à pátria.
Deus é o pastor que conduz esse povo, não por um deserto inóspito e cheio de
serpentes, como foi a peregrinação do povo no Egito, mas num caminho verdejante
e sombreado. Como pastor o conduz com carinho. João não prega um caminho através
do deserto que floresce, mas um caminho aberto nos corações para a chegada do
Messias. João pregava a conversão dos pecados. Essa conversão era acompanhada
de um rito exterior de um banho ritual. Não se trata de nosso batismo, pois é para
conversão e penitência. Seu batismo era símbolo daquele que devia vir depois,
feito no Espírito Santo. Jesus também foi receber esse Batismo. Depois o Pai
“batiza-O no Espírito” apresentando-O como Filho amado. João é importante para
entendermos a vinda de Cristo. Ele não é o Messias. É a última profecia sobre o
Enviado de Deus.
Novos
céus e nova terra
Pedro, em sua carta, escreve sobre a segunda vinda de Cristo com
palavras e imagens fortes que chamamos de visão apocalíptica. Não se trata de
ameaça, mas apelo à conversão. Hoje há muita ameaça de fim de mundo, mas pouco
desejo de conversão para que o fim venha para nós como encontro com Deus. Alerta:
“Caríssimos, vivendo nessa esperança, esforçai-vos para que Ele vos encontre
numa vida pura e sem mancha e em paz” (2Pd 3,14). A espera não é uma desocupação angustiante. Quando
estamos esperando algo importante, não temos serenidade para fazer outras
coisas. Só ficamos esperando. Esperar é preparar os caminhos para Deus chegar.
Pedimos na oração da missa que “nenhuma atividade terrena nos impeça de correr
ao encontro do vosso Filho”. Isso é conversão conforme João Batista: “Preparai
o caminho do Senhor, endireitai suas estradas”. Não adianta sentar-se e cochilar,
como fizeram as dez virgens”. É espera frutuosa na caridade. O mundo que vai
ser bom não só no futuro distante, num paraíso impossível, mas agora para nós.
É aqui que se faz a nova terra. O novo céu vai ser depois.
O
Senhor vai falar
O
tempo do Advento é orientado para ouvir o Senhor que vai falar. É paz que vai
anunciar... a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sl 84). Esse tempo é
para ouvir. Esta é a atitude fundamental do católico. Não falar muito, mas dar
tempo para o Senhor falar. A segunda vinda nos convida a contemplar o horizonte
do mundo. A primeira vinda ensina a atitude de Maria e José: contemplar o
mistério presente e fazê-lo vivo em nosso coração. Lucas revela essa atitude de
Maria diante da visita dos pastores: “Maria conservava todos esses
acontecimentos, e os meditava em seu coração” (Lc 2,19). Mesmo vivendo num mundo avesso a
Jesus que nasce, nós queremos estar ali como José, Maria, algum curioso e os
animais. Acolhamos sua vinda entre nós.
Leituras: Isaías 40,1-5.9-11; Salmo 84; 2Pedro 3,8-14; Marcos 1,1-8
1. João
prepara o coração do povo para a chegada do Messias.
2. A
espera da vinda de Cristo significa conversão
3. Advento
é tempo para ouvir o que o Senhor tem para falar.
Homem que aplaina
Estamos
conhecendo a pessoa de São João Batista em relação a Jesus. João entende sua
missão através do texto do profeta Isaias. Este anunciava a libertação do povo
da Babilônia. A volta foi uma grandiosa obra salvadora de Deus, comparada ao
Êxodo, a grande libertação. Explicita assim que a vinda de Jesus é essa visita
grandiosa de Deus. Ele vem então preparar os caminhos do Senhor.
Na perspectiva da vinda de Jesus
entre nós, estamos voltados ainda para sua vinda no fim dos tempos. É um dia
terrível. Seu dia virá de surpresa. O Senhor não avisa.
Lembramos como rezamos no salmo 84,
que devemos estar atentos ao Senhor que vem nos falar. Nada de ameaças, mas de
paz: “E a paz que Ele vai anunciar... Ele nos dará tudo que é bom... a justiça
andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus”.
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