Evangelho
segundo S. Mateus 11,16-19.
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «A quem poderei
comparar esta geração? É como os meninos sentados nas praças, que se interpelam
uns aos outros, dizendo: “Tocámos flauta e não dançastes; entoámos lamentações e não chorastes”. Veio João Baptista, que não comia nem bebia, e dizem que tinha o demónio com
ele. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um glutão e um ébrio, amigo
de publicanos e pecadores’. Mas a sabedoria foi justificada pelas suas obras».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo
«Protréptico», cap. 1
João Batista convida-nos à
salvação
Não é estranho, meus amigos, que Deus nos
exorte sempre à virtude, e que nós nos furtemos a esse socorro, que Lhe
devolvamos a salvação? Não nos convida João também à salvação, não é todo ele
uma voz que nos exorta? Perguntemos-lhe pois: «Quem és tu, entre os homens, e
donde vens?» Ele não dirá que é Elias e negará que é o Cristo, mas confessará
que é uma voz que brada no deserto (Jo 1,20s). Quem é, pois, João? Para tomar
uma imagem, permiti-me dizer: é uma voz do Verbo, da Palavra de Deus, que nos
exorta clamando no deserto [...]: »Aplanai os caminhos do Senhor» (Mc 1,3).
João é um precursor e a sua voz é precursora da Palavra de Deus, voz que
encoraja e predispõe à salvação, voz que nos exorta a procurar a herança do
céu.
Graças a esta voz, «a mulher estéril e desamparada não será mais sem filhos»
(Is 54,1). Foi a voz de um anjo que me anunciou esta gravidez; essa voz era
também a de um precursor do Senhor, que trazia a boa nova à mulher que não
tinha engravidado (Lc 1,19), tal como João na solidão do deserto. É portanto
pela voz do Verbo que a mulher estéril engravida na alegria e que o deserto
produz frutos. Estas duas vozes precursoras do Senhor, a do anjo e a de João,
comunicam-me a salvação nelas oculta, de modo que, depois da manifestação deste
Verbo, colhamos o fruto da fecundidade, a vida eterna.
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