Evangelho
segundo S. Lucas 14,25-33.
Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus
voltou-Se e disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos
filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo. Quem de vós, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a
despesa, para ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a
concluir, e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro
a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra
ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma delegação a pedir as
condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu
discípulo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Basílio (c. 330-379), monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da
Igreja
Grandes Regras Monásticas; questão 8
Nada preferir a Cristo
Nosso Senhor Jesus Cristo disse a todos, por
várias vezes e apresentando diversas provas: «Se alguém quiser vir após Mim,
que renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e Me siga»; e também: «Aquele de entre
vós que não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo». Parece,
pois, exigir a renúncia mais completa. [...] «Onde estiver o teu tesouro», diz
noutra altura, «aí estará o teu coração» (Mt 6,21). Portanto, se reservamos
para nós bens terrenos ou qualquer provisão fugaz, o nosso espírito permanece
aí atolado, como que na lama. É então inevitável que a nossa alma seja incapaz
de contemplar a Deus e se torne insensível ao desejo dos esplendores do céu e
dos bens que nos foram prometidos. Só poderemos obter esses bens se os pedirmos
sem cessar, com um desejo ardente, que, de resto, nos tornará leve o esforço
para os atingir.
Renunciar a nós mesmos é, pois, soltar os laços que nos prendem a esta vida
terrena e passageira, libertar-nos das contingências humanas, a fim de sermos
mais capazes de caminhar na via que conduz a Deus. É libertar-nos dos entraves,
a fim de possuirmos e usarmos bens que são «muito mais preciosos do que o ouro
e a prata» (Sl 18,11). Em suma, renunciar a nós mesmos é transportar o coração
humano para a vida no céu, de tal forma que possamos dizer: «A nossa pátria
está nos céus» (Fil 3,20). E, sobretudo, é começarmos a tornar-nos semelhantes
a Cristo, que Se fez pobre por nós, Ele que era rico (2Cor 8,9). Temos de nos assemelhar
a Ele se quisermos viver em conformidade com o Evangelho.
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