sábado, 14 de outubro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “O Senhor sustenta minha vida”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Sentido do sofrimento de Jesus
               Jesus continua o anúncio da Paixão, como lemos no texto evangélico deste domingo e no domingo passado. Ele prepara seus discípulos para o futuro e os instrui sobre o sentido de sua vida e missão. O Messias sofredor entra na linha do Servo Sofredor e do justo perseguido. Livro da Sabedoria fala do justo perseguido, inclusive com as palavras que serão usadas pelos inimigos de Jesus no momento de sua Paixão. Se Ele foi tão justo, dizem, que Deus O defenda, se é verdade que O ama (Mt 27,43/ Sb 2,18.20). A rejeição de Jesus é mais um momento da rejeição que tiveram para com Deus no tempo do deserto e nos muitos momentos da história do povo. O que sustentou o justo e o Justo Jesus foi sua confiança em Deus. Assim rezamos no salmo: “Quem me protege e me ampara é Deus; é o Senhor quem sustenta a minha vida”. É a segurança que Jesus tem ao entregar ao Pai sua vida: “Pai, em vossas mãos Eu entrego o meu espírito” (Lc 23,46). A certeza de ser acolhido pelo Pai vem de seu contínuo gesto de acolhimento. A Redenção que Jesus nos dá é um serviço, mas é também um gesto de ternura. Somente muito amor poderia superar todo o sofrimento e ver nele o acolhimento do Pai. Nem sempre vamos entender o que se passa no coração de quem realmente sabe amar. Diz um autor “Místico é aquele que compreende a todos e não é compreendido por nenhum”. Ele, como justo sofredor, sabe compreender nosso sofrimento e uni-lo ao seu em sua entrega ao Pai.
Condições para ser discípulo.
               Jesus, num momento de grande tensão. Enquanto fala de sua Paixão, vê os discípulos discutindo quem seria o maior. Seu modo de proceder mostra claramente a falta de compreensão da mensagem que Jesus nos transmite com sua paixão e morte. Ele se faz menor e servidor dando sua vida. Jesus acolheu a todos com sua vida e serviu a todos com sua morte. O ensinamento que deixa é a capacidade que o discípulo deve ter de servir e acolher em seu nome os pequenos ou os que se fazem pequenos. Esse acolhimento não encerra sua ação na pessoa, mas em Cristo que é acolhido através daquela pessoa. É acolhimento do Pai que enviou Jesus (Mc 9,36-37). Para acolher os pequenos é preciso estar à altura deles, por isso é preciso fazer-se pequeno, como Jesus se fez pequeno em sua encarnação. Vemos bem como isso destoa de nossa comunidade eclesial e civil. O poder das chaves dado à Igreja não é símbolo do poder de mando, mas do poder de abrir o próprio coração para o acolhimento. Esse poder transforma o mundo. Mas como é duro ser diferente de Jesus. Quem manda no mundo ou na Igreja, com o poder de Jesus é aquele que mais se doa e serve. Os demais são ofensa a Deus e abuso da presença de Cristo em nós.
Frutos da redenção
               A transformação do coração é fruto da redenção. Tiago ensina a extinguir a cadeia de maldades que se estabelece quando, damos espaço às nossas paixões, pois a cobiça provoca a inveja, a briga e a guerra. Na sociedade em que vivemos a ganância e a vaidade superam os limites do ridículo. O grande fruto da redenção é unir a própria vontade à vontade de Jesus e servir a todos. Que não serve, não descobriu a força da redenção. Jesus nos mereceu a salvação no momento em que se despojou de tudo com a morte e sepultura para que tivéssemos vida. Quando formos adultos em Cristo, seremos verdadeiramente crianças, como Ele que foi o pequenino.

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