Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.
Naquele
tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi
outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma
sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois, arrendou-a a uns
vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou
os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros,
porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro
apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os
primeiros. E eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim, mandou-lhes o seu
próprio filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho’. Mas os vinhateiros, ao
verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; matemo-lo e ficaremos com
a sua herança’. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». Eles
responderam: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a
outros vinhateiros, que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes
Jesus: «Nunca lestes na Escritura: ‘A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos
olhos’? Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo
que produza os seus frutos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Basílio (c. 330-379), monge,
bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja
Homilia 5 sobre o
Hexâmeron, 6
O Senhor está permanentemente a comparar a
alma humana com uma vinha: «O meu amigo possuía uma vinha numa colina fértil»
(Is 5,1); «plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe» (Mt 21,33). É,
evidentemente, à alma humana que Jesus chama a sua vinha, foi a ela que cercou,
qual sebe, com a segurança que proporcionam os seus mandamentos e a proteção dos
seus anjos, porque «o anjo do Senhor assenta os seus arraiais em redor dos que O
temem» (Sl 33,8). Em seguida, ergueu em nosso redor uma paliçada, estabelecendo
na Igreja «primeiro, apóstolos, segundo, profetas, terceiro, doutores» (1Cor
12,28). Por outro lado, através dos exemplos dos homens santos de outrora,
eleva-nos os pensamentos, não os deixando cair por terra, onde mereceriam ser
pisados. Deseja que os abraços da caridade, quais sarmentos de uma vinha, nos
liguem ao nosso próximo e nos levem a repousar nele. Assim, mantendo
permanentemente o impulso em direção aos céus, elevar-nos-emos como vinhas
trepadeiras até aos mais altos cumes.
O Senhor pede-nos também que
consintamos em ser podados. Ora, uma alma é podada quando afasta para longe de
si os cuidados do mundo, que são um fardo para o nosso coração. Assim, aquele
que afasta de si mesmo o amor carnal e a ligação às riquezas, ou que tem por
detestável e desprezível a paixão pela miserável vanglória foi, por assim dizer,
podado, e voltou a respirar, liberto do fardo inútil das preocupações deste
mundo.
Mas – e mantendo ainda a linha da parábola – não podemos produzir
apenas lenha, ou seja, viver com ostentação, ou procurar os louvores dos de
fora. Temos de dar fruto, reservando as nossas obras para as mostrarmos ao
verdadeiro agricultor (Jo 15,1).
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