Evangelho segundo S. Lucas 10,17-24.
Naquele
tempo, os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo:
«Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome». Jesus respondeu-lhes:
«Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Dei-vos o poder de pisar
serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos
dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem;
alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos no Céu». Naquele
momento, Jesus exultou de alegria pela ação do Espírito Santo e disse: «Eu Te
bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos
sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque
assim foi do teu agrado. Tudo Me foi entregue por meu Pai; e ninguém sabe o
que é o Filho senão o Pai, nem o que é o Pai senão o Filho e aquele a quem o
Filho o quiser revelar». Voltando-Se depois para os discípulos, disse-lhes:
«Felizes os olhos que veem o que estais a ver, porque Eu vos digo que muitos
profetas e reis quiseram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis
e não ouviram».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Encíclica«Dominum et vivificantem»,§20-21
Jesus exultou de alegria sob a ação do
Espírito Santo e disse: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos
pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado». Jesus exulta pela
paternidade divina; exulta porque Lhe foi dado revelar esta paternidade; exulta,
por fim, por uma como que irradiação especial da mesma paternidade divina sobre
os «pequeninos». E o evangelista qualifica tudo isto como um «exultar no
Espírito Santo».
Aquilo que durante a teofania do Jordão veio, por assim
dizer, «do exterior», do Alto, aqui provém «do interior», isto é, do mais íntimo
do ser que é Jesus. É outra revelação do Pai e do Filho, unidos no Espírito
Santo. Jesus fala só da paternidade de Deus e da própria filiação; não fala
diretamente do Espírito que é Amor e, por isso, união do Pai e do Filho. Não
obstante, aquilo que diz do Pai e de Si como Filho brota daquela plenitude do
Espírito que está nele mesmo e se derrama no seu coração, impregna o seu próprio
«eu», inspira e vivifica, a partir das profundezas do que Ele é, a sua ação. Daí
esse seu «exultar no Espírito Santo». A união de Cristo com o Espírito Santo, da
qual Ele tem uma consciência perfeita, exprime-se nessa «exultação», que torna
«perceptível», de certa maneira, a sua fonte recôndita. Dá-se assim uma especial
manifestação e exaltação próprias do Filho do Homem, de Cristo-Messias, cuja
humanidade pertence à Pessoa do Filho de Deus, substancialmente uno com o
Espírito Santo na divindade.
Na magnífica confissão da paternidade de
Deus, Jesus de Nazaré manifesta-Se também a Si mesmo, manifesta o seu «eu»
divino: Ele é efetivamente o Filho «consubstancial» (Credo); e, por isso,
«ninguém sabe o que é o Filho senão o Pai, nem o que é o Pai senão o Filho e
aquele a quem o Filho o quiser revelar», aquele Filho que «por nós, homens, e
para nossa salvação» Se fez homem «por obra do Espírito Santo» e nasceu de uma
virgem, cujo nome era Maria.
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