As
Igrejas do Ocidente e do Oriente, católicas e ortodoxas, se unem para celebrar
os dois apóstolos “que nos deram as primícias da fé!” (oração). Pedro e Paulo são homens
chamados pelo desígnio de Deus para levar o Espírito Santo ao mundo. O prefácio
da missa de hoje transforma em oração a missão destes dois homens: “Pedro, o
primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel.
Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o evangelho. Por meios
diferentes congregaram a única família de Cristo, e unidos pela coroa do
martírio, recebem hoje igual veneração”. Os dois foram escolhidos como
fundamento, como uma palavra viva de Jesus para a fundação da Igreja em dois
mundos diferentes: judeu e pagão. Isso lhes exigiu uma profunda fé que supera
as estruturas tradicionais e investem em realidades novas. A conversão dos
judeus era um desafio, pois o próprio Jesus passara por isso. A conversão dos
pagãos exigiu de Paulo deixar a coragem de ser totalmente novo. Por isso lutou
até o fim da vida, no martírio.
Homens feitos de fé
A
profissão de fé de Pedro, feita em nosso nome, estabelece a fé entres os
homens, por obra do Pai. Sua fé é um alicerce. Nós nos apoiamos nesta fé porque
ela lhe foi dada pelo Pai (Mt
16,18). Se Pedro recebe o primeiro lugar, o primado, não é em vista de
si mesmo, mas é para confirmar os irmãos na fé (Jo 21,15-17). Paulo não é menor que Pedro,
pois vive também na fé em Jesus: “Combati o bom combate, completei a carreira e
guardei a fé” (2 Tm
4,7). A fé de Paulo vem da presença constante de Jesus a seu lado
dando-lhe forças. Assim pode anunciar o Evangelho: “Ele fez com que a mensagem
fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações” (7). A fé dos dois
apóstolos é a razão porque, desde o início da Igreja, atraem os cristãos a
visitar seus túmulos. Eram dois túmulos que testemunhavam sua presença na
cidade. Aí edificaram as grandes basílicas.
Poder e Palavra
Na
celebração destes dois grandes apóstolos temos a impressão que nos é passada a
idéia de um poder. O símbolo das chaves e da espada é um símbolo de
superioridade. A Igreja sempre viu
em Pedro o poder que Jesus lhe concedeu ao dizer aquelas palavras: “Tudo o que
ligares na terra será ligado no céu. Tudo o que desligares na terra será
desligado no céu” (Mt
16,19). Sobre esta fé foi construída a Igreja. O sentimento de poder
está unido à noção de serviço que nos é dado pelo evangelho: “Entre vós não
será assim. Aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve”
(Mt 20,26). O
poder de Pedro é o serviço qualificado. Infelizmente este poder foi equiparado
aos poderes dos reis. Os títulos, roupas e jóias se equipararam. Este poder de
serviço torna clara a missão de Jesus. A palavra de Paulo tem grande poder. Ela
é simbolizada pela batalha que Paulo trava para anunciar a Palavra. A Palavra
de Deus é comparada a uma espada de dois gumes. Neste sentido é uma palavra que
discerne e assim podemos entender Paulo. Não é um sentimento de poder como o
mundo oferece. A força de Paulo é proclamar a palavra a tempo e fora de tempo (2Tm 3,2). O vigor vem
da Palavra na qual crê. Em cada celebração proclamamos esta Palavra que tem
poder de abrir um mundo novo e cortar-lhe o que é adverso.
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