PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
O que nos foi transmitido
“A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4,12). Sem ela não
podemos encontrar o que Deus quer para nós e como chegar a Ele. Mas a Palavra
não está algemada (2Tm
2,9). Ela é a fonte da Palavra que lemos e vivemos. O tema da Tradição
está deixado de lado em nossas reflexões e catequeses. Podemos cair na doutrina
de Lutero afirmando que só existe a Escritura. Há um pensamento falho. Podemos
perguntar onde está na Bíblia que ela seja a única fonte. Antes de os textos
bíblicos serem escritos, já se vivia a fé e os bons costumes. O Antigo
Testamento começou a ser escrito pelo ano 700 antes de Cristo. Primeiro se
viveu e depois de séculos, foi condensado na Palavra. Daí vem a palavra
tradição. Não é a busca de viver só o passado, como está na opção de muitos,
mas acolher a fé que é transmitida através da Igreja, desde Jesus. O
discernimento desta fé se faz com os meios que Deus nos deu na Escritura, na
Tradição e na compreensão que tiveram os antigos, os doutores, como foi celebrada
na liturgia e vivida na fé do povo de Deus. Vejamos a riqueza desses meios.
Nenhum age por si só. Como no Antigo, no Novo Testamento, Jesus é a Palavra
Viva que é fonte de toda a verdade da salvação. Dele já falaram os profetas e o
salmos (Lc 24,44).
Os apóstolos e os discípulos continuaram a missão de anunciar a Verdade.
A comunidade que anuncia
Só mais tarde os ensinamentos de Jesus, vividos pelos
discípulos, foram escritos. A pregação do Evangelho, segundo a ordem do Senhor,
fez-se de duas maneiras: Oralmente e por
escrito. O Evangelho foi transmitido pelos apóstolos que, na pregação oral,
transmitiram o que receberam das palavras, da convivência e das obras de
Cristo. Muito depois, apóstolos ou homens que com eles viveram, guiados pelo
Espírito, puseram escreveram a mensagem da salvação. Entre o ensinamento de
Jesus, dos apóstolos e dos discípulos, houve bastante tempo. A Bíblia nasceu no
meio do povo que vivia a verdade. A Tradição já existia quando a Palavra foi
colocada no livro. Paulo diz, no ensinamento sobre a Ressurreição e a
Eucaristia, que recebeu o que já se fazia e ensinava. Somem-se aqui muitos
fatos que aconteceram e que passaram para a vida da Igreja sem estarem escritos
na Bíblia. Ela se tornou assim, juntamente com a Tradição, fonte de verdade e
de vida. É certo que há muitas coisas que não foram escritas. Quem discerne? A Igreja
tem a autoridade maior que controla, também pelo Espírito Santo que é dado para
seu ministério, como por todos os que conhecem a Palavra e a transmitem.
Uma Igreja da Tradição e da Palavra
“Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja,
os apóstolos deixaram como sucessores os bispos e a eles transmitindo o seu
próprio encargo no ministério” (Catecismo, 77). A transmissão viva dos ensinamentos, realizada
pelo Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da S. Escritura,
porém, intimamente ligada a ela. A Igreja, em sua doutrina, vida e culto perpetua
e transmite a todas as gerações, tudo o que ela é e crê” (DV 64). A Escritura é
a Palavra de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo. A Sagrada
Tradição transmite aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por
Cristo e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito de
verdade, eles a anunciem, conservem e difundam. A Igreja não tira sua certeza a
respeito de tudo que foi revelado somente pela Escritura, mas também pela
Tradição. Ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento e reverência
(Cat. 81-81). É isto o que ensina a Igreja Católica.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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