quinta-feira, 10 de agosto de 2017

REFLETINDO A PALAVRA -“Fogo Novo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1092. Naquela madrugada
            Naquele sábado celebrava-se a Páscoa dos judeus. Quem sabe os judeus que levaram Jesus à morte, tenham até se esquecido dos fatos nos quais foram atores importantes. Na tumba, o silêncio da morte. A dor e a decepção tomaram conta dos discípulos. No cenáculo, onde estavam fechados por medo dos judeus, amargavam uma profunda derrota, uma triste desilusão: “Nós esperávamos que fosse Ele quem iria redimir Israel” (Lc 24,21). Ali na tumba se realizava a palavra de Jesus: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer permanece só, mas se morrer produzirá muito fruto” (Jo 12,24). A vida germinava e, naquela madrugada, como nos narra Mateus, “ao raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria, vieram ver o sepulcro. E eis que houve um grande terremoto: pois o Anjo do Senhor, descendo do céu e aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se sobre ela... Os guardas tremeram de medo dele e ficaram como mortos” (Mt 28,1-2.4). A vida surgiu. Temos diversos relatos sobre estes primeiros momentos após a Ressurreição. Eles mostram que Jesus está vivo, pois se manifestou a eles diversas vezes e eles são testemunhas. E mandou-os anunciar a Boa Nova ao mundo inteiro. Naquela madrugada, nova luz brilhou sobre nós, nova vida nos vivificou, novo tempo se iniciou. Vencedor da morte, deu-nos Vida. Na celebração litúrgica fazemos memória de tudo o que Jesus fez para nossa salvação. Ao fazermos a memória nós entramos nos acontecimentos e recebemos seus benefícios de Vida.
1093. Mais clara que a luz
            A celebração litúrgica da Vigília Pascal tem muitos símbolos ricos de significado. O primeiro símbolo é o fogo novo que é aceso simbolizando a luz que saiu da pedra. Por isso, na tradição, apagava-se o fogo em todas as casas. O fogo novo era tirado da faísca de duas pedras, simbolizando Cristo luz que sai da gruta de pedra para iluminar a todos. Deste fogo se acende o Círio Pascal, aquela vela grande, que é uma imagem de Cristo Ressuscitado. Nela está traçada a cruz e escritos os números do ano corrente significado que a salvação acontece hoje. Este círio entra pela Igreja que está com as luzes apagadas. E aos poucos vão se acendendo as velas dos fiéis, simbolizando a luz de Cristo que se propaga. Colocado no altar, é incensado e canta-se o Louvor da Páscoa, chamado Precônio. Este canto lembra a oração de bênção da lâmpada que se fazia em todas as casas ao acender a lâmpada ao anoitecer. Louva Cristo Luz do mundo. Felizmente se recupera lentamente o amor à Vigília Pascal. Na Igreja de Jerusalém, havia uma lâmpada dentro da gruta do túmulo. Dela se tirava luz para aquela noite bendita.
1094. Sois luz do mundo
            As velas de todo o povo se acendem na chama do Círio Pascal. A luz do círio se espalha e não perde seu fulgor. Assim Cristo é Luz para todos. Todos tem a mesma Luz e Vida de Cristo vivo ressuscitado. Podemos ver que celebramos através de símbolos. O símbolo, por exemplo, a luz, é uma realidade material que explica o que acontece no espiritual. A Luz de Cristo ressuscitado que temos através da fé é a Vida Eterna que já vivemos. Esta Luz se espalha ilumina as pessoas e as realidades do mundo conduzindo-o a Cristo que o entregará a seu Pai. Para aquele que crê, a vida se torna uma caminhada para a casa do Pai onde já estamos na Humanidade de Cristo, como refletimos na festa da Ascensão. A Páscoa que celebramos acende em nós a chama divina para participar da Luz para ser luz. Vós sois a do mundo.
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