PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Confiou-nos
seus bens
Como na parábola da vinha encontramos também na
parábola dos talentos o verbo confiar. O senhor confia a vinha e seus bens a
pessoas que a façam produzir; Deus confia em nós e nos dá os talentos, os dons.
O evangelho continua: “E parte imediatamente”, isto é: entregou sem precisar de
controle, pois confia. Cada um prestará contas a Deus do que lhe foi confiado. Não
é uma ameaça, mas um dom. Na perspectiva da vigilância aprendemos que não é uma
tensão a mais na vida, mas uma direção certaz para produzir frutos. O senhor
confiou e quis ver os frutos. Tanto ao que recebeu 5 como ao que recebeu 2, e
duplicaram o patrimônio, o senhor dá a recompensa correspondente. O senhor
chama o servo de bom e fiel e chama para entrar em sua alegria. Deus também reconhece
a fidelidade de seus filhos chamando-os para entrar na alegria que é entrar na
Vida que goza o Senhor, isto é, a participação dos bens divinos. Mesmo que os
dons pareçam poucos, a meta é multiplicar. Quem não vive os próprios dons, tem
medo de Deus. Não tem onde se escorar. A quem produz, mais ainda será confiado (Mt 25 29). Quem não rende perde o que já tem. Quer dizer que,
não crescer é diminuir. Qual é esse talento ou dom que Deus dá? É o Espírito
Santo. O Espírito não se conta por medidas, mas por totalidade. Vemos também
que todos temos muitos dons que nos foram prodigalizados pela natureza e pela
graça. Esses dons nos foram confiados para que possamos fazê-los produzir fruto
e se desenvolverem. Os dons, quando são colocados em ação, se desenvolvem.
Quando não, perdem a força. Os dons são dados para o bem de todos. Notamos que,
quando deixamos de por nossos dons a serviço, ficamos mais fracos e perdemos o
ânimo. Por isso rezemos: “Nossa alegria
consista em Vos servir de todo o coração” (oração).
A
mulher forte
A liturgia escolhe, para comentar o evangelho dos
talentos, o belíssimo texto sobre a mulher forte que podemos ler completo no
livro dos Provérbios (31,10-31). Lê-lo
texto em hebraico é uma poesia alfabética. Cada frase se inicia com uma letra
do alfabeto. Está a ensinar que em todas as letras sempre podemos fazer o bem. Lembramos
nossas mulheres corajosas que vencem. Lembramos os homens batalhadores que não
se entregam mesmo nos sofrimentos com as vidas repletas de bens. Paulo insiste que
o valor “é a fé agindo pela caridade” (Gl 5,6). Rezamos na liturgia: “Concedei-nos ó Deus, possa a
Eucaristia que Ele mandou celebrar em sua memória, fazer-nos crescer em
caridade” (Pós-Comunhão).
Filhos
da luz
A vigilância não é uma ameaça, mas abertura à vida
plena. Paulo nos convida a sermos filhos da luz: “Vós sois filhos da luz e filhos
do dia. Não somos da noite, nem das trevas” (1Ts 5,5) . Por isso podemos vigiar. Temos a visão na luz e
podemos ver claro os acontecimentos da vida. A parábola é um estímulo a crescer
e a produzir frutos. Não se trata de um pragmatismo econômico no acúmulo de
bens espirituais, mas no crescimento interior para chegarmos à estatura de
Cristo (Ef 4,13). Desse
modo viveremos a alegria completa (oração) na recompensa de uma eternidade feliz, por termos
servido a Deus na caridade, como a mulher forte que abriu as mãos aos
necessitados e as estendeu aos pobres (Pr 31,20). A comunhão que recebemos é um tesouro que nos é
dado para ser multiplicado. Cada missa é um dom. Cada dom um compromisso.
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