PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
1879.
Andando por aí
Crendo
na Ressurreição temos a certeza que Jesus se encontra glorioso junto do Pai. É
a fé que temos. Ela sustentou os cristãos nesses dois mil anos. Sabemos e
professamos que Jesus está no Céu. Depois da Ressurreição os discípulos
sentiram sua ausência. O texto dos Atos dos Apóstolos quando fala dos
discípulos de Emaús quer nos mostrar onde está Jesus. Precisamos acolhê-Lo ora presente.
Os cristãos podem ter pensando: Onde está Jesus? Ele próprio responde através
da aparição silenciosa e serena aos dois que iam para o campo (Lc 24,13-35). Viram Jesus
de novo ali, com eles, vivo. Era o mesmo, mas não era do mesmo jeito. Nesse
dia, dois deles iam para um vilarejo chamado Emaús. E conversavam sobre as
coisas que tinham acontecido. Liam os sinais dos tempos. Então Jesus entra na
conversa, como um desconhecido. Lembramos aqui a importância da presença de
Jesus em nossos relacionamentos humanos, nossos bate-papos, nossos diálogos,
nossas conversas. Não só quando falamos de assuntos espirituais. Jesus está
presente quando falamos da vida, das coisas da vida e da vida de tantas coisas.
O diálogo das pessoas, o bate papo inocente é também momento de encontrar Jesus.
Estar reunidos no nome Dele, não acontece só quando rezamos, mas também quando
lidamos com as pessoas no respeito, na simplicidade e na devoção pelo ser
humano. Buscamos Jesus longe, quando Ele está tão dentro de nós e de nossos
relacionamentos, como os dois discípulos de Emaús.
1880.
Conversando conosco
Curiosamente
Jesus entra na conversa e se interessa. A realidade do ser humano é o leito por
onde passa a Palavra de Deus. Tomando conhecimento do assunto que tratavam,
Jesus não age como um professor que dita ensinamentos. Coloca-se como aprendiz:
o que foi? Pergunta. Não deixa de chamar atenção para que vejam os
acontecimentos à luz da Palavra. E, começando por Moisés e pelos profetas,
mostra como a Escritura orienta ao conhecimento de Jesus, pois fala Dele. É
muito bom percebermos que nossos diálogos têm uma aproximação com a Palavra de
Deus. A Bíblia não é uma pedra inamovível. Ela se mistura com nossa vida e, a
partir dela, interpretamos nossa vida e a Palavra de Deus escrita nesse
evangelho de carne e osso, feito de belezas e tristezas. Sua riqueza e
santidade não estão no Livro Santo como uma biblioteca sagrada, pois sagrado é
o ser humano. É no ser humano que a Palavra se encarnou em Nazaré, e continua
se encarnando onde Deus quer. Isso não tira seu dom de ser Sagrada, mas
desenvolve o sentimento do sagrado existente nas pessoas, seja quem for. Deus
não faz distinção de pessoas (At 10,34). É preciso
deixar a Palavra livre de nossos preconceitos. Não somos donos da Palavra.
1881.
Repartindo
Chegaram à hospedaria e Jesus fez de
conta que ia adiante (At
24,28). Então temos as lindas palavras dos dois discípulos: “Fica
conosco Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando” (29). Há sempre necessidade de Jesus
na passagem do dia para a noite. As trevas sem Ele são muito escuras. E cria-se
então aquele ambiente único de bem estar sob uma pequena luz e muita
fraternidade. Jesus toma o pão, faz a tradicional bênção e o distribui.
Perceberam então que era Jesus, pois se lhes abriram os olhos. E Jesus desapareceu.
Somente a Eucaristia é capaz de abrir nossos olhos para reconhecer Jesus. A
alegria é imensa: Voltam na noite, melhor, na bela lua de Páscoa, para
Jerusalém. Ele já estivera ali. Então contam o que acontecera pelo caminho e
como O reconheceram no partir do pão. Sem encontrá-Lo em nosso caminhar, não
saberemos onde Ele está.
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