quarta-feira, 3 de maio de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Que as nações vos glorifiquem!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Deus aceita o coração sincero
               Vivemos em um tempo de reconhecimento das riquezas das pessoas, de suas manifestações espirituais e de sua cultura. Há um diálogo ecumênico que reconhece o que há de bom para construirmos um mundo mais fraterno. Por outro lado, encontramos os fundamentalismos de grupos muçulmanos, evangélicos e seitas que, por insistirem em algumas poucas idéias, perdem as belezas que Deus lhes deu. Parta esta realidade, Jesus se manifesta com uma mensagem muito bonita dita à cananéia pagã: “‘Mulher, grande é tua fé! Seja feito como tu queres’. E desde esse momento sua filha ficou curada”. Ela, que implorava a cura de sua filha, não se importou com as palavras ofensivas de Jesus: “Não se deve tirar o pão dos filhos para dar aos cães”. Jesus a provou em sua fé. O profeta Isaias mostra a abertura à fé ao dizer: “Aos estrangeiros que aderem ao Senhor, ... a esses conduzirei ao meu santo monte e os alegrarei em minha casa de oração; aceitarei seus holocaustos, pois minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Is 56,1.7). Estes dois textos revelam a grande mudança na mentalidade do exclusivismo judaico com respeito à salvação. Os pagãos eram chamados de cães. Os primeiros cristãos, provindos do judaísmo, terão sentido dificuldade com a conversão dos pagãos cananeus e outros que viviam num baixo paganismo. Eles aceitaram o evangelho e se converteram. Neles não se deve olhar a origem, mas a disposição de fé. Assim serão curados de seu paganismo, simbolizado na filha doente atormentada, e vencidas suas maldades. Todos são convidados a glorificar o Senhor, pois Deus aceita o coração sincero.
                                                          Mistério da rejeição
               Os judeus rejeitaram os povos pagãos e, sob instigação dos chefes, rejeitaram Jesus. Rejeitado o Reino, colocaram-se fora dele. O povo de Deus, mesmo depois desta opção que fez, não perdeu os privilégios magníficos que lhe foram outorgados por Deus em sua história, como diz Paulo: “A eles pertencem a filiação adotiva, as alianças, as promessas o culto, os patriarcas, .....deles descende o Cristo...” Deus não abandonou seu povo. Se não houvesse a abertura aos pagãos, a fé cristã teria se identificado com uma tradição, o que Cristo rejeitou. A Fé está acima da cultura. Nesta questão a Igreja teve dificuldades durante séculos e mesmo agora.  A Igreja não é um produto do primeiro mundo e nem deve ter como referência só uma classe, ou ideologias, mas estar aberta às riquezas dos povos e culturas. Não se trata de rejeitar uma história, mas de permitir que a Fé se desenvolva como semente que produzirá os frutos que Deus oferece.
Escola de oração
               Nessa narrativa de hoje aprendemos um modo de rezar: Rezar não é ler textos ou recitar fórmulas. Também podem existir, desde que estejam fundados em uma realidade pessoal aberta para Deus. A mulher cananéia reza a partir de sua vida, dirigindo a Jesus, que a trata com frieza, para provar-lhe a fé. Ela grita, insistentemente: “Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim; minha filha está atormentada por um demônio” (Mt 5,22). Jesus ensina que a oração está unida à vida e deve ser insistente. Conhecemos a parábola do amigo inoportuno que insiste pedindo pão (Lc 11,5-8). Insistir é ter fé. Rezar não é dizer muitas palavras, mas dizer muitas vezes a mesma coisa. 

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