Pentecostes é um acontecimento atual,
como rezamos: “Ó Deus que, pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa
Igreja em todos os povos e nações” (Oração). Para tanto são apresentados os povos peregrinos
presentes em Jerusalém (Atos
2,1-11). A santificação nos lembra que o Espírito foi derramado sobre cada
pessoa. Continuamos pedindo: “Derramai por toda a extensão do mundo os dons do
Espírito Santo”. Ninguém controla a ação do Espírito. O que pedimos é que Deus “realize agora, no coração dos fiéis,
as maravilhas que foram operadas no início da pregação do Evangelho”. Esta
maravilha é o anúncio do Evangelho. A Igreja deve acolher continuamente o dom
do Espírito Santo no momento atual e torná-lo sempre presente por meio de sua
atitude evangelizadora. Todos entendiam em sua própria língua
as maravilhas de Deus. A grande riqueza da Igreja é a abertura a todos os povos
e culturas. Grande pecado seria negar a uma cultura o ser apta para receber e
testemunhar o Evangelho. Os apóstolos puderam ver que suas pregações eram
acessíveis a todos os povos. À medida que o Evangelho foi sendo anunciado, era
compreendido por todas as nações. É maravilhoso ver a diversidade existente
dentro da Igreja. O Evangelho é para todos os tempos e não se fixa a uma época
como sendo a melhor. Seria um pecado contra o Espírito negar esta graça. Por
isso Pentecostes é cada vez mais compreendido.
Vinde, Pai dos pobres!
A oração da Seqüência (Hino) chama o Espírito
de Pai dos Pobres. Certo é que não tem a intenção de nos dar mais um Pai nos
Céus, mas mostrar sua missão com a bondade de um pai generoso que se preocupa
com os necessitados. Vemos exaltado, deste modo, o amor do Espírito que dá a
vida, é consolo, é presença querida no coração, é descanso, é alívio. Ele lava,
purifica, rega, cura, guia e aquece. O Mistério da Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade, um Espírito inefável, um vento que ninguém controla, tem
do Pai o coração, do Filho a solicitude. Ele não é privilégio de escolhidos,
mas presente em todos como vida. “O Pai vos dará outro Consolador que estará
sempre convosco” (Jo
14,16). Jesus encarnou-se em nossa natureza humana com todos os traços
humanos. O Espírito descendo sobre nós, continua presente em nossa humanidade,
carente, mas feliz, uma presença paterna e com solicitude materna. É isso que
vemos em nossas celebrações: Ele nos faz corpo de Cristo unido pelo Espírito.
Recebei o Espírito Santo
Naquela tarde de domingo, os
discípulos, estando fechados em uma sala, Jesus se põe no meio deles. Soprando
sobre eles envia-os para a remissão e reconciliação (Jo 20,19). Paulo pede que o pecado não
domine mais sobre nós (Rm
6,14). Nosso relacionamento com Deus se faz pelo Espírito, não porque
queiramos, mas porque é o único modo, pois a Palavra de Deus nos ensina:
“Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo” (1Cor
12,3). A ação do Espírito nos põe em relacionamento com Deus e com os irmãos.
Ele distribui dons para o bem comum. Esses dons se atualizam no corpo de Cristo
do qual somos membros e com eles estamos em contínuo relacionamento. Não existe
minha religião, minha oração. É todo o Corpo que age como um todo. Não há
cristianismo vivido individualmente, mas sim, do individual para o comunitário
e do comunitário para o pessoal em vista de todo o Corpo. A salvação eterna se
dá dentro da comunidade.
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