Evangelho segundo S. João 11,45-56.
Naquele
tempo, muitos judeus que tinham vindo visitar Maria, para lhe apresentarem
condolências pela morte de Lázaro, ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o
dos mortos, acreditaram n’Ele. Alguns deles, porém, foram ter com os
fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. Então os príncipes dos
sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer,
uma vez que este homem realiza tantos milagres? Se O deixamos continuar
assim, todos acreditarão n’Ele; e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar
santo e toda a nação». Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano,
disse-lhes: «Vós não sabeis nada. Não compreendeis que é melhor para nós
morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?» Não disse isto
por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus
havia de morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para congregar
na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos. A partir desse
dia, decidiram matar Jesus. Por isso Jesus já não andava abertamente entre
os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade
chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos. Entretanto, estava
próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se
purificarem, antes da Páscoa. Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos
outros no templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?»
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja
Comentário sobre a Carta aos Romanos, 15, 7
Está escrito: «Nós, que somos muitos,
constituímos um só corpo em Cristo» (Rom 12,5), porque Cristo nos congrega na
unidade, pelos laços do amor: «Ele que, de dois povos, fez um só, destruindo o
muro de inimizade que os separava, anulando pela sua carne a Lei, os preceitos e
as prescrições» (Ef 2,14-15). Temos, pois, de ter os mesmos sentimentos
recíprocos: «Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é
honrado, todos os membros se alegram com ele» (1Cor 12,26). Por isso, prossegue
São Paulo, «acolhei-vos uns aos outros, como Cristo também vos acolheu, para
glória de Deus» (Rom 15,7). Acolhamo-nos uns aos outros, se queremos ter os
mesmos sentimentos, «suportando-nos uns aos outros com caridade, solícitos em
conservar a unidade de espírito, mediante o vínculo da paz» (Ef 4,2-3) Foi assim
que Deus nos acolheu em Cristo, que disse: «Deus amou de tal modo o mundo, que
lhe deu o seu Filho único» (Jo 3,16). Com efeito, o Filho foi dado em resgate
pela vida de todos nós, e nós fomos libertados da morte, resgatados da morte e
do pecado.
São Paulo esclarece as perspetivas deste plano de salvação
quando afirma que «Cristo Se fez servidor dos circuncisos, a fim de mostrar a
veracidade de Deus» (Rom 15,8). Porque Deus tinha prometido aos patriarcas, pais
dos judeus, que abençoaria a sua descendência, que seria tão numerosa como as
estrelas do céu. Foi por isso que o Verbo, que é Deus, Se manifestou na carne e
Se fez homem. Ele mantém na existência toda a criação e assegura o bem de tudo
quanto existe, pois é Deus. Mas veio a este mundo e encarnou, «não para ser
servido, mas», como Ele próprio afirmou, «para servir e dar a vida em resgate
pela multidão» (Mc 10,45).
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