A
Quaresma aponta para a Glória. No domingo passado sofremos as angústias da
tentação. Agora vivemos a serenidade da presença de Deus em Cristo, no alto do
monte. Estava tão bom que Pedro disse: “É bom estarmos aqui’. Nossa fé não é só
sofrimento, tentação, purgatório. “É alegria e paz no Espírito Santo” (Rm 14,17). Fizemos
uma religião do medo; Jesus implantou um Reino que alegria a todos. A tentação
tem como fruto a perseverança (Tg 1,2). Este evangelho mostra o futuro glorioso da
Ressurreição, depois de passada a tentação da Paixão dolorosa. O que os
discípulos sentem depois da Ressurreição é o que Pedro diz: “É bom estarmos
aqui”. Jesus se manifesta todo transformado e glorificado. Mostra, assim, como
serão os discípulos. Um ensinamento importante deste evangelho é a centralidade
de Jesus no Novo Testamento: Aparecem Moisés e Elias falando com Ele” (Mt 17,3). Jesus de agora
em diante é a Lei e a Profecia – Moisés e Elias. Não há outro a ser ouvido. Certamente
os primeiros cristãos ainda estavam ligados demais à lei antiga. Isso se
manifesta no desejo de Pedro de construir 3 tendas(4), quer dizer, os dois grandes continuam
presentes na comunidade. O Pai mostra, então, que agora, quem fala é Jesus, o
Filho Amado (5).
Por isso, “escutai-O!” (5).
A vida cristã é um processo permanente de transformação. Purificado o olhar de
nossa fé (oração),
nós vamos à verdade de Jesus. Nós precisamos do colírio que oferece João no
Apocalipse para poder enxergar (Ap 3,18). Não podemos fazer um cristianismo sem Jesus, baseado
só em fórmulas, idéias e teorias espirituais que nem sempre são evangelho e
respondem a ideologias políticas. Não podemos entender como se desenvolvem
certas manias na religião que não tem nada do evangelho. É preciso purificar. Este
foi o caminho de Abraão para ser bênção para todos.
Vocação
Santa
A
vida cristã tem como vocação fundamental nossa transformação em Cristo. A
partir do momento que aceitamos Jesus em nossa vida, e mesmo desde pequenos,
começamos essa transfiguração, pois a vida cristã é dominada pela graça. O que
aconteceu com Jesus naquele momento é figura da Ressurreição. Sua ressurreição
em nossa vida realiza esta transfiguração. Já participamos na terra das coisas
do céu (pós-comunhão).
Não vivemos de novidades, mas batalhamos como Jesus o fez. Ele sempre fez que o
Pai mandou fazer (Jo
5,36). Sofremos pelo Evangelho, como Paulo convida a Timóteo: “Sofre
comigo pelo evangelho, fortificado pela graça de Deus” (2Tm 1,8b). O sofrimento não é a dor,
mas o empenho de crescer e se transformar em Cristo, suportando o esforço que
isso comporta.
Ouvir
o Filho
Rezamos:
“Alimentai nosso espírito com vossa palavra... para que os alegremos com a
visão de vossa glória” (Orção).
A solução que o evangelista Mateus sugere para superar a tentação de voltar
atrás e não se empenhar na transformação é ouvir a Palavra do Filho. Ouvindo-a
está participando do amor que o Pai tem pelo Filho, o Dileto. A transformação é
realizada pelo esforço, mas sobretudo pela graça. Esta é o fruto dos
sacramentos que celebramos, de modo particular a Eucaristia. “Oferendas nos
transfiguram interiormente para celebrarmos a Páscoa” (oferendas). Celebrar a Páscoa em cada
Eucaristia é ser transformado para continuar a missão de anunciar, mesmo que
não o vejamos glorioso.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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