quinta-feira, 2 de março de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Visão da Glória”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Purificado o olhar da fé
               A Quaresma aponta para a Glória. No domingo passado sofremos as angústias da tentação. Agora vivemos a serenidade da presença de Deus em Cristo, no alto do monte. Estava tão bom que Pedro disse: “É bom estarmos aqui’. Nossa fé não é só sofrimento, tentação, purgatório. “É alegria e paz no Espírito Santo” (Rm 14,17). Fizemos uma religião do medo; Jesus implantou um Reino que alegria a todos. A tentação tem como fruto a perseverança (Tg 1,2). Este evangelho mostra o futuro glorioso da Ressurreição, depois de passada a tentação da Paixão dolorosa. O que os discípulos sentem depois da Ressurreição é o que Pedro diz: “É bom estarmos aqui”. Jesus se manifesta todo transformado e glorificado. Mostra, assim, como serão os discípulos. Um ensinamento importante deste evangelho é a centralidade de Jesus no Novo Testamento: Aparecem Moisés e Elias falando com Ele” (Mt 17,3). Jesus de agora em diante é a Lei e a Profecia – Moisés e Elias. Não há outro a ser ouvido. Certamente os primeiros cristãos ainda estavam ligados demais à lei antiga. Isso se manifesta no desejo de Pedro de construir 3 tendas(4), quer dizer, os dois grandes continuam presentes na comunidade. O Pai mostra, então, que agora, quem fala é Jesus, o Filho Amado (5). Por isso, “escutai-O!” (5). A vida cristã é um processo permanente de transformação. Purificado o olhar de nossa fé (oração), nós vamos à verdade de Jesus. Nós precisamos do colírio que oferece João no Apocalipse para poder enxergar (Ap 3,18). Não podemos fazer um cristianismo sem Jesus, baseado só em fórmulas, idéias e teorias espirituais que nem sempre são evangelho e respondem a ideologias políticas. Não podemos entender como se desenvolvem certas manias na religião que não tem nada do evangelho. É preciso purificar. Este foi o caminho de Abraão para ser bênção para todos.
Vocação Santa
               A vida cristã tem como vocação fundamental nossa transformação em Cristo. A partir do momento que aceitamos Jesus em nossa vida, e mesmo desde pequenos, começamos essa transfiguração, pois a vida cristã é dominada pela graça. O que aconteceu com Jesus naquele momento é figura da Ressurreição. Sua ressurreição em nossa vida realiza esta transfiguração. Já participamos na terra das coisas do céu (pós-comunhão). Não vivemos de novidades, mas batalhamos como Jesus o fez. Ele sempre fez que o Pai mandou fazer (Jo 5,36). Sofremos pelo Evangelho, como Paulo convida a Timóteo: “Sofre comigo pelo evangelho, fortificado pela graça de Deus” (2Tm 1,8b). O sofrimento não é a dor, mas o empenho de crescer e se transformar em Cristo, suportando o esforço que isso comporta.
Ouvir o Filho
               Rezamos: “Alimentai nosso espírito com vossa palavra... para que os alegremos com a visão de vossa glória” (Orção). A solução que o evangelista Mateus sugere para superar a tentação de voltar atrás e não se empenhar na transformação é ouvir a Palavra do Filho. Ouvindo-a está participando do amor que o Pai tem pelo Filho, o Dileto. A transformação é realizada pelo esforço, mas sobretudo pela graça. Esta é o fruto dos sacramentos que celebramos, de modo particular a Eucaristia. “Oferendas nos transfiguram interiormente para celebrarmos a Páscoa” (oferendas). Celebrar a Páscoa em cada Eucaristia é ser transformado para continuar a missão de anunciar, mesmo que não o vejamos glorioso.
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