Estamos
no tempo da Quaresma. É tempo de uma reflexão aprofundada sobre a vida cristã
em sua correspondência ao momento forte da vida de Jesus em sua morte e
ressurreição. Continuamos a temática do matrimônio, refletindo agora sobre os
filhos. O Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia – Alegria
do amor - dedica-se a clarear a relação matrimônio e seu maior fruto, o amor que
gera filhos. Ele mesmo afirma: “Uma vez que esta função educativa das famílias
é tão importante e se tornou muito complexa, quero deter-me de modo especial
neste ponto” (AL 259).
A família é a educadora: “A família não pode renunciar ao seu lugar de apoio,
acompanhamento, guia, embora tenha que reinventar os seus métodos e encontrar
novos recursos. Por isso não deve deixar de se interrogar sobre quem se ocupa
de oferecer a seus filhos a diversão, que conteúdo entra em suas casas através
da televisão etc..., a quem os entrega para que os guie nos seus tempos livres”
(AL 260). É
difícil o equilíbrio entre o controle e a vigilância e a orientação. Tudo é
necessário. O importante é o processo. Mais que controlar os movimentos é
preciso controlar os espaços. “É importante gerar no filho, com muito amor,
processos de amadurecimento de sua liberdade, de preparação, de crescimento
integral, de cultivo da autêntica autonomia. Só assim terá elementos para
defender-se e agir com inteligência” (AL 261). Acentua:
“não é importante saber onde o filho está ou com quem está naquele momento, mas
onde se encontra em sentido existencial, onde está posicionado do ponto de
vista das suas convicções de seus objetivos e dos seus desejos, e o seu projeto
de vida... onde está sua alma” (AL 261).
1856.
Liberdade de viver bem.
Falando
de maturidade, o Papa diz que não é só uma questão genética. O crescimento se
dá em toda uma cadeia de elementos que se sintetizam no íntimo da pessoa, isto
é, no centro da sua liberdade. Aí crescem a prudência, o reto juízo e a
sensatez. “A educação envolve a tarefa de promover liberdades responsáveis que,
nas encruzilhadas, saibam optar com sensatez e inteligência” (AL 262). Os demais
instrumentos oferecidos pela sociedade são necessários, “mas a formação moral
dos filhos nunca a podem delegar totalmente”. Não podemos confundir moral com
moralismo que é uma falta de compreensão do que seja moral. “O desenvolvimento
afetivo e ético de uma pessoa requer uma experiência fundamental: crer que seus
pais são dignos de confiança” (AL 263). Sem isso se criam feridas profundas no seu
amadurecimento.
1857.
Escola doméstica
“A tarefa de casa”, junto a tantas
outras obrigações do dia a dia consiste na educação da vontade, o
desenvolvimento dos bons hábitos e tendências afetivas para o bem. Essa é a
lenta maturação que supõe a imperfeição até chegar à plenitude maior. Essa
educação consiste também em saber renunciar a uma satisfação imediata para se
adequar a uma norma e garantir uma boa convivência. A formação moral deveria
realizar-se com métodos ativos e com um diálogo educativo que integre a
sensibilidade e a linguagem própria dos filhos. Podemos ver por experiência que
os defeitos de uma família se tornam como uma segunda natureza. O acolhimento
que os pais têm pelos outros penetra também os filhos. O amor e a dedicação aos
outros se fazem na prática com as crianças. É por isso que faz muita falta a
“Escola de Pais” para preparar e acompanhar a formação dos filhos. Os valores
se aprendem em casa, com o leite da mãe e o carinho do pai.
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