Jesus, não só assumiu uma vida de muita humildade no
meio do povo, como começou sua pregação a partir da escuridão, como escreve Isaías:
“O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; Para os que habitavam nas
sombras da morte uma luz resplandeceu” (Is 9,1).
Assim Mateus narra o início da pregação de Jesus. Ali era a Galiléia dos
pagãos, pois, estando na fronteira, tinha pagãos em seu meio. A extremada
caridade de Jesus torna-se luz e vida para o povo que se alegra com Sua
presença. Como Jesus vencera o mal na tentação do deserto, o povo que O acolhe é
libertado, como escreve o profeta: “Pois
o jugo que oprimia o povo – a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais – tu
os abatestes como na jornada de Madiã” (3). Por isso
o salmista pode cantar: “O Senhor é minha luz e salvação” (Sl 26). Ali estavam os mais necessitados de luz e vida. É
dali que escolhe os primeiros discípulos para seguí-lo. Eram homens que viviam
nas trevas, com sotaque diferente, como aconteceu com Pedro na Paixão de Jesus (Mt 26,73). A experiência do sofrimento é importante para
compreender a missão de Jesus e cooperar com Ele. Jesus tem um método de
escolher seus discípulos: passou, olhou, chamou. A resposta é imediata: Deixam
tudo: pai, redes, serviço, ambiente, família, para seguir esse pregador
ambulante. A obra que o Pai entregou ao Filho para realizar é o convite à
conversão, porque o Reino de Deus está próximo. Sem mudança radical, não é
possível acolher o Reino que se aproxima. Os discípulos são radicais na
resposta ao chamado para seguí-lo.
Iluminando com Cristo
O profeta Isaias proclama a transformação das trevas em
luz. Com a presença de Jesus, a Galiléia se encheu de luz. Num mundo tenebroso,
os discípulos serão luz com Jesus. Para essa grande vitória não será necessário
um grandioso exército, mas um punhado de homens iluminados, como na vitória de
Gedeão sobre os madianitas com apenas 300 homens (Jz 7,1-25).
O discípulo vai ser luz, se morar na casa do Senhor, isto é, na convivência com
o Senhor, e saborear sua suavidade e contemplá-lo no seu templo como rezamos no
salmo (Sl 26). Eles que se dispuseram ao seguimento total de
Cristo, deixando tudo, são capazes de iluminar com Ele como continuadores de
sua presença e missão. Não podem ter medo da fragilidade. Os vencedores, na
história do povo, foi sempre o resto que permaneceu fiel. Estão unidos à humana
fragilidade do Senhor que se fez pequeno e frágil.
Concordes no pensar e agir.
Os
discípulos seguem Jesus na unidade, como exorta Paulo: “Exorto a que sejais
todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós” (1Cor, 1,10). As divisões não atingem a fé, mas acontecendo em
situações humanas de pouco valor, acabam destruindo a paz e a caridade.
Cuida-se pouco do aspecto humano dos relacionamentos na comunidade.
Presenciamos disputas teológicas que no fundo são mais de fundo político que
evangélico. Há sempre uma meta a atingir na vida da comunidade iluminada por
Jesus com seu Espírito: “Sei que a bondade do Senhor hei de ver na terra dos
viventes” (Sl 26). A celebração eucarística deve ser fonte de
iluminação e de formação para a unidade e a concórdia, pois só assim será luz e
vida para o mundo. Jesus continua passando e chamando ao seguimento. As
vocações nascem da opção por Cristo e não por um status.
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