Evangelho segundo S. João 19,28-37.
Naquele
tempo, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura,
Jesus disse: «Tenho sede». Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a
uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca. Quando Jesus
tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça,
expirou. Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem
na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado – os judeus pediram a
Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados
vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido
crucificado com ele. Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe
quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma
lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu é que dá testemunho e o seu
testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós
acrediteis. Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum
osso lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de
olhar para Aquele que trespassaram».
Tradução litúrgica da
Bíblia
Comentário do dia:
São Tomás de Aquino
(1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja
Comentário sobre a
Epístola aos Gálatas, 6
«Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar a
não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo», diz São Paulo (Gal 6,14). Repara,
observa Santo Agostinho: onde o sábio segundo este mundo julgou encontrar a
vergonha, aí descobriu o apóstolo Paulo um tesouro; pois aquilo que para outro é
loucura é para ele sabedoria (1Cor 1,17s) e título de glória.
Com
efeito, cada um retira a sua glória daquilo que, a seus olhos, o torna grande;
se julga ser um homem importante por ser rico, glorifica-se nos seus bens. Mas
aquele que não encontra grandeza para si senão em Jesus Cristo põe a sua glória
apenas em Jesus; assim era o apóstolo Paulo, que dizia: «Já não sou eu que vivo,
é Cristo que vive em mim»(Gal 2,20). É por isso que apenas se gloria em Cristo,
e sobretudo na cruz de Cristo. É que nesta cruz estão reunidos todos os motivos
de glória que um homem pode ter.
Há pessoas que retiram a sua glória da
amizade com os grandes e poderosos; Paulo, porém, apenas tem necessidade da cruz
de Cristo, onde descobre o sinal mais evidente da amizade de Deus: «Deus
demonstra o seu amor para connosco pelo facto de Cristo haver morrido por nós
quando ainda éramos pecadores» (Rom 5,8). Não, nada manifesta tão bem o amor de
Deus para connosco como a morte de Cristo. «Oh, testemunho inestimável do
amor!», exclama São Gregório. «Para resgatar o escravo, entregastes o Filho!»
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