A celebração do
dia de Finados surgiu depois da celebração da festa de Todos os Santos, na
Abadia de Cluny em 998. O Abade S. Odilon manda que se celebre este dia nos
mosteiros sob sua jurisdição. A oração pelos mortos está presente na Igreja desde
os primórdios, seguindo a tradição de todos os povos. Ao rezarmos pelos mortos,
fazer-lhes túmulos, levar-lhes flores (ou outras oferendas, conforme a cultura),
acreditamos que vivem e estão em comunhão conosco. No próprio sepultamento de
Jesus vimos os ritos que teriam que ser completados depois do sábado. Na
tradição romana celebravam os refrigérios (refrigerium), que eram celebrações
junto das sepulturas. Eram refeições em que se reuniam os familiares no 3º, 7º,
30º dia. Aos poucos a celebração da Eucaristia substituiu o refrigério. S.
Mônica, diz a seus filhos, entre eles Agostinho: “Só vos peço que vos lembreis
de mim no altar de Deus, onde quer que estiverdes”. Por que se lembrar na hora
da Eucaristia? Já era, então, costume antigo do povo de pedir oração por sua
alma. A Eucaristia é celebrada a Deus pelos vivos e mortos. As catacumbas são
maravilhosos testemunhos de oração pelos mortos. Ali estão escritas frases e
desenhados símbolos oracionais. Na celebração dos funerais, encontramos o que
se pensava da morte e do destino dos mortos. Da dor e do desencanto dos pagãos,
passou-se ao clima de ressurreição que encontramos nos textos litúrgicos. No
período medieval a tônica foi uma linguagem mais dolorosa e tétrica, mudada nos
novos rituais para a temática iluminada da ressurreição.
865. A morte no meu caminho
Na
espiritualidade, cheia de luz e vida, que temos sempre procurado entender,
encontramos o momento da morte. A dor, o pranto, as lágrimas e a saudade não
são um mal. Tudo é humano. A sociedade retira o sinal de morte, os símbolos do
luto e as memórias dolorosas. E a dor é vivida na solidão. Celebrar do dia de
Finados é ter a oportunidade de ver nosso futuro. Todos iremos morrer. A morte
faz parte da vida e a vida, dizia um biólogo, são as forças que resistem à
morte. Deus quer que todos vivamos intensamente e, no momento de nossa partida,
estejamos prontos para ir a seu encontro com alegria. A alegria é cultivada na
fé na ressurreição. “Para os que crêem em Vós, a vida não é tirada, mas
transformada. Desfeito nosso corpo mortal, nos é dado no Céu, um corpo
imperecível” (Pref. dos
Mortos). A fé em Jesus nos unirá a sua Ressurreição.
866. Oração pelos mortos
Sempre
rezamos pelos mortos. Há grupos religiosos que negam o valor desta oração. Negam
que fazemos parte do Corpo de Cristo, como nos ensina S.Paulo: “Se um membro
sofre, todos os membros compartilham seu sofrimento. Se um membro é honrado,
todos compartilham sua alegria” (1Cor 12,21). Os que vivem na Glória, os que estão na caminhada
da terra e os que passam pela purificação definitiva, que chamamos de
Purgatório, são parte uns dos outros. Somos parte de um só corpo. Os mortos não
podem fazer mais por si, pois já passou o tempo de merecerem. É por isso que,
em cada missa, sempre lembramos dos mortos: “Lembrai-vos, também de nossos
irmãos que morreram na esperança da ressurreição: acolhei-os junto a vós na luz
de vossa face”.Celebrar por eles, é aproximá-los cada vez mais da Luz e da paz (Pós-Comunhão). É bom
rezar pelos mortos, pois um dia rezarão por nós. Em cada Eucaristia rezamos por
todos, não só pelos lembrados.
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