domingo, 1 de janeiro de 2017

Homilia da Santa Mãe de Deus (01.01.17)

           
PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“SANTA MÃE DE DEUS”
 
Cristo é nosso astro guia
No início do ano civil a Igreja celebra a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. Rezamos na oração: “Ela nos trouxe o Autor da Vida”. Pela virgindade fecunda de Maria, Deus nos deu a salvação eterna, pois nos trouxe o Autor da Vida. O ano novo brota também desta relação bonita da humanidade com a divindade nos braços da Mãe. Esta é a nascente de toda benção: “O Senhor faça brilhar sobre ti sua face e te dê a paz” (Nm 6,26). Não acredito em e nem leio horóscopo. Não me baseio em astros, pois não passam de belas estrelas que um dia estarão apagadas. Formam figuras imaginárias. Tenho um astro vivo e eterno, Jesus, imagem do Pai, rosto de todo homem e mulher. Neste início de Ano Novo vamos recorrer um horóscopo cristão que oriente todo nosso ano de 2017. São três elementos que orientam: O sol, não aquele que ilumina de dia e se esconde de noite. O Sol que veio nos visitar. Não ficou no alto, desceu e nasceu de uma Virgem. Depois do Sol, temos a figura dos pastores. Eles foram a Belém para ver o que os anjos lhes anunciaram. Encontraram o Menino na manjedoura (Lc 2,8-20). O terceiro elemento é você mesmo, pois, nos horóscopos, somos marionetes e escravos nas garras de astros e de um monte de fantasias. Mas você é filho adotivo, “predestinados a ser a imagem de seu Filho” (Rm 8,29). Por isso podemos dizer Abbá, Pai. “Somos filhos, e se somos filhos, somos herdeiros de Deus” (Gl 4,7). A vida, conduzida pelo Sol Nascente, será iluminada. Para Ele, mesmo as trevas não são escuras... e a escuridão é tão brilhante como a luz (Sl 139,12).
Receita para bem viver:
O primeiro elemento de nosso horóscopo cristão: você não recebe uma mensagem de fora, numa lei cega de rotas de astros com mensagens forjadas. É você, que olhando o Astro do presépio, Jesus, sabe a direção a tomar em sua vida, pois Ele é o “caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,60). Ele dá a palavra orientadora. A palavra que dirá o que somos é a Palavra de Deus. Ela orientará o que devemos fazer para chegar à felicidade e vencer o mal. O segundo elemento é você que saberá madura e livremente buscar as soluções dando os passos para ir até Belém como os pastores; saberá ouvir como Maria e meditar no coração o que vê e ouve. O pastor é o terceiro elemento: Jesus, Astro Rei, foi apresentado aos pastores. Sem a dimensão do irmão necessitado, não poderemos jamais nos considerar cristãos sérios e santos. A orientação da Palavra de Deus, dada pelo Astro Jesus, vai nos endereçar a atenção, o carinho e a caridade para com os mais necessitados. O diálogo com os pobres é elemento fundamental na pessoa de Jesus. Assim poderemos viver um ano feliz, pois “o Astro, Jesus” nos guiará. Só teremos força para ir aos pobres, se formos pobres diante de Deus, isto é, vazios de nós mesmos e cheios do amor que constrói.
Bênção que se constrói
O Senhor te dê a paz (Nm 6,22-27). Queremos paz! Queremos um caminho seguro sem guerras, violência e tiranias. Basta fazê-lo. Queremos a bênção de Deus. Jesus é esta bênção. A bênção é um dom e uma missão: recebemos uma bênção para que sejamos uma bênção para todos, mostrando-lhes a face de Deus. Receita de felicidade: Ter um coração como o de Maria: “Guardar tudo que acontecer, meditando no coração” (Lc 2,19). Tenha certeza: Não se mede a quantidade de anos de nossa vida, mas a vida que colocamos nesses anos. Teremos todas as bênçãos que desejarmos se, primeiro formos uma bênção para os outros.
Leituras:  Números  6,22-27; Salmo 66; Gálatas 4,4-7; Lucas 2,16-21
 
1.      Jesus é o astro que nos orienta nesse novo ano.

2.      Buscará em Jesus palavras orientadoras para sua vida. Estas o levarão a buscar os necessitados.

3.      Receita para o Ano: Ter um coração como o de Maria e ser uma bênção.

            Nome certo

 Maria, aquela de Nazaré que deu à luz um menino que tinha mãe e não tinha pai terreno. Ela tinha marido, mas o pai era outro, que já era Pai. O Pai gerara o Filho eterno. A mãe gera o Filho que é Deus. Se ela fosse fazer a carteira de identidade tinha que colocar como nome, Maria, Mãe de Deus. Era sua identidade. Quando vai visitar Isabel, essa já usa o nome certo: “De onde me vem que a Mãe do meu Senhor me visite” (Lc 1,43). Senhor, para os judeus era o Todo Poderoso. Está na Bíblia! Maria reconhece essa sua identidade quando diz: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Todo Poderoso fez grandes coisas por mim. Santo é seu nome” (Lc 1,48-49). Tem consciência do que ela é.
As mães são assim. Um dia escrevi um livro e disse à mamãe que não interessava dar o livro para ela, pois era um assunto que não lhe interessava. Olha o que me disse: “Interessa sim, pois fui eu que escrevi”. Tem consciência que aquilo que há em mim está unido a ela. Mãe é mãe. Maria não renunciou seu direito.
Esta festa é celebrada na lembrança da proclamação do dogma da Maternidade Divina. Negar que Maria seja chamada Mãe de Deus é negar que Jesus seja Deus. Então Ele seria só um homem e não Homem-Deus, como nos reafirma o Concílio de Éfeso (23 de junho de 431). Podemos rezar com entusiasmo: “Santa Maria, Mãe de Deus”. O povo fez festa a noite toda.
Iniciamos o ano no colo da Mãe recebendo as bênçãos do Pai. A bênção que Deus nos oferece é mostrar seu rosto bondoso para nós. Vai ser um ano bom. Sugestão: Fazer como Maria, nossa Mãe, fazia: Guardava tudo meditando em seu coração.
Mesmo com toda essa grandeza ela mantém sua simplicidade de mulher do povo, pobre, morando num fim de mundo, mal afamado. Sabe de sua humildade e aceita: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48). Assim Jesus aprendeu de pequeno com a Mãe a amar e cuidar dos necessitados e a ser simples, sem vergonha de ser pobre. Essa é a bênção que fica.

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