quinta-feira, 17 de novembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Jesus sentiu compaixão”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Um Deus que ama o pobre
Retomamos, na liturgia, o Tempo Comum. É o tempo forte que nos oferece um quadro completo da Vida do Senhor seguindo um dos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Sua finalidade é o crescimento dos fiéis. João é lido todos os anos, distribuído nos diversos tempos. Estamos no décimo domingo do Tempo Comum. Os anteriores vieram antes da Quaresma. Na leitura do evangelho de hoje ouvimos a cura do filho único da viúva que nos ensina a misericórdia de Deus para com os pobres e a vitória de Cristo sobre a morte. Paulo escreve que o último inimigo a ser vencido será a morte (1Cor,15,26). Adiantamos esta vitória vencendo todos os sinais de morte que existem na sociedade. Jesus, neste milagre, infringe a lei judaica da pureza: Aproximou-se e tocou o caixão, contaminando-se. Atrai sobre si a contaminação para dar ao jovem a vida, que é o máximo da pureza. O segundo gesto de Jesus é dizer ao defunto: “Jovem, Eu te ordeno, levanta-te!” (Lc 7,14). É o mesmo verbo usado para a ressurreição. O jovem participa, assim, da vida do ressuscitado. A multidão reage reconhecendo a divindade. Cumpre-se a profecia de Moisés sobre um profeta que fará grandes milagres e sinais (Dt 18,15-19). Jesus então mostrou uma face de sua missão que é a manifestação daquilo que aparece claro no Antigo Testamento: Deus cuida dos pobres que a Ele clamam (Sl 12,5). A dor da viúva era imensa, pois, com morte do marido perdera o sustento. E agora, com a morte do filho único, perdia a garantia de vida para o futuro. Nada lhe restava, a não ser a bondosa misericórdia de Deus que não falha. Certo que muitas viúvas sofriam no tempo de Jesus. Jesus mostra a misericórdia do Pai para que aprendamos a fazer o mesmo.
No fundo do poço
               Quando dizemos que Jesus fez uma opção pelos pobres, não tomamos uma posição política, mas divina, em continuação ao Deus que, no Antigo Testamento, se faz o  defensor dos oprimidos. Ele é o “Goel” isto é, Redentor, parente próximo responsável pelos necessitados. É um termo jurídico que indica a responsabilidade de alguém sobre aquele que lhe é próximo por sangue. Como o miserável não tem parente que o salve, Deus se faz seu parente, seu redentor. Jesus se preocupa muito com os sofredores porque eles não têm outra solução. Quem não precisa de Deus, quem tem tudo, não precisa de ajuda. São estes pobres que acolhem Jesus e ouvem sua Palavra. É o testemunho que temos da viúva que acolhe Elias e a Palavra de Deus. Em seu sofrimento é socorrida. Deus socorre, mesmo antes de o pedirmos. Ele sabe de nossas necessidades, mesmo antes que Lho digamos (Mt 6,8).
Um poço mais profundo
               Sofrimento não é castigo, como interpreta a mulher que hospedava o profeta. Deus sempre liberta, mas nem sempre do jeito que a gente O “manda” fazer. Forçar Deus a milagres é pecar contra o segundo mandamento: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. O refrão do salmo clama: “Vós me livrastes e preservastes minha vida da morte”  (Sl 29). Há muitos sinais de dor na sociedade. Há pessoas com dores físicas e espirituais. A essas Jesus dirige sua palavra e seu toque. Continuamos a missão redentora de Jesus para cada sofredor. A Eucaristia é o espaço de dizermos: “Jovem, eu te digo, levanta-te”.

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