domingo, 13 de novembro de 2016

Homilia do 33º Domingo Comum (13.11.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
01“Permanecei firmes” 
Não vos preocupeis
            Depois de ensinar os discípulos no caminho para Jerusalém, Jesus dedica-se ao chamado discurso escatológico, isto é, trata das questões do fim dos tempos, referindo-se à destruição de Jerusalém e sua vinda. E adianta: as vítimas mais procuradas serão os discípulos. Primeiramente demonstra a situação da destruição do templo do qual não ficará pedra sobre pedra. Como os sinais se voltam sempre para a vinda do Messias no fim dos tempos, os discípulos perguntam pelo tempo de sua vinda. O tempo é de Deus. Nesse período aparecerão muitos falsos profetas que pretenderão ser o Messias, isto é, a resposta para tudo. Sempre há gente querendo se passar por mestre de todas as coisas e enganam o povo. Anuncia tempos difíceis de guerras e revoluções e desastres da natureza. Mesmo com o pavor que provocarão, Jesus insiste que não devem ficar apavorados. Tudo isso deve acontecer. E tem acontecido sempre. Quando alguém diz que o tempo chegou, é preciso não ter medo, pois os tempos de Deus são outros. Sempre aconteceram esses sinais pavorosos e essas intermináveis guerras, e o fim não chegou. É sinal que devemos entender no sentido figurado, isto é, no gênero literário apocalíptico que tem um sentido mais amplo. A bíblia tem muitos modos de dizer as verdades. Se não entendermos o gênero literário, isto é, a linguagem, podemos aprender e ensinar coisas erradas. Isso é fundamentalismo tão ruim quanto à negação da verdade.
Ocasião para testemunhar a fé
            Juntamente com os sinais pavorosos da natureza, Jesus alerta sobre a perseguição aos discípulos; “Antes que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos… por causa de meu nome” (Lc 21,12). A perseguição aos discípulos é continuação da perseguição e da recusa sofridas por Jesus. Simeão profetizara: “Este Menino será sinal de contradição” (Lc 2,34). Disse ainda no caminho para o Calvário: “Se assim fazem com o lenho verde, o que não farão ao seco?” (Lc 23,31). A perseguição é uma constante na Igreja durante todos os séculos, principalmente agora. Devemos reconhecer que não se persegue ao discípulo. Mas o Mal que atingir o Mestre na pessoa dos discípulos. Jesus garante a força e a resistência: “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo de vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21.18-19). Não está excluído que poderemos ser mortos, mas temos a recompensa da Vida. E “Será ocasião em que testemunhareis a vossa fé” (Lc 21,13).  Somos chamados pelo salmo a esperar alegremente. Acolher a vinda do Senhor (Sl 97). O profeta Malaquias garante que depois de toda a conturbação no Dia do Senhor, não há destruição para o discípulo: Para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo a salvação em suas asas” (Ml 3,20ª).
 Transformar o mundo
             A esta espera no meio de tanta dificuldade, Paulo nos dá um conselho muito prático. Como não sabemos quando o Senhor virá, não podemos fazer a opção pela preguiça e desocupação. Ele mesmo dá o exemplo não sendo pesado para a comunidade e suprindo suas necessidades com o trabalho com esforço e cansaço dia e noite para não ser pesado a ninguém… em nome de Jesus Cristo ordenamos  a que, trabalhando, comam na tranqüilidade o seu próprio pão” (2Ts 3,8ss). Desse modo, a vinda do Senhor não é um terror, mas a construção de uma vida tranqüila, segura e frutuosa na expectativa. Não basta a fé, é preciso a caridade operosa” (). A fé sem obras é morta.
Leituras:Malaquias 3,19-20;Salmo 97; 2 Tessalonicenses 3,17-12; Lucas 21,5-19
  1. Jesus instrui os discípulos sobre a destruição do templo e indica e alerta sobre os terrores e sua perseguição. Usa a linguagem apocalíptica, comum no tempo.
  1. A perseguição a Jesus continua na pessoa do discípulo. A resposta do discípulo é manter-se firme.
  1. Paulo aconselha a ocupar-se com o trabalho pelo próprio alimento. A vinda do Senhor não é para o terror, mas para a construção de uma vida frutuosa na caridade. 
                Escapando do bombardeio 
            No final do Ano Litúrgico e no início do Advento temos a proclamação de uma das maiores verdades da fé como rezamos no “Creio”: “Subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. A manifestação de Deus teve seu início e tem sua consumação. Antes do fim, os que acolheram Cristo passaram pelos sofrimentos de sua Paixão. Deus não quer o sofrimento pela fé, mas, que fiquemos firmes: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,19).
            O profeta Malaquias profetiza a vinda do Senhor como um fogo que queima os maus. Mas, para os que têm a Deus nascerá o sol da justiça” (Ml 3,20ª). O Salmo interpreta esse texto como uma grande aclamação ao Senhor que vem. Não é para ter medo do Juiz, pois Ele vem premiar os que viveram na justiça. Não é condenação.
            Será o nosso momento de alegria, não de temor.
            Os discípulos estavam encantados com a beleza do templo. Jesus então diz que o futuro vai ser duro. O templo será destruído. Ele era o encanto do povo e a casa de Deus. Jesus também o amava muito, pois era a casa do seu Pai. Jesus começou então a dizer o que iria acontecer: muitos vão querer enganar com outras doutrinas e revelações. Vejamos quanta gente apareceu ao longo da história querendo mostrar um caminho diferente para a salvação.
            Pior ainda: Jesus anuncia guerras, revolução, terremotos e tantas desgraças. Ajunta ainda a perseguição aos fiéis e uma matança por causa da fé. Vivemos hoje uma grande perseguição contra os católicos. Até dentro de nossas casas. Nas famílias onde há gente de outra religião, é um inferno para os familiares. Já não é mais religião.
É o momento de testemunhar a fé, pois é uma pregação muito forte, quando é feita com própria vida. Onde é grande a perseguição, surge depois uma grande conversão. Os antigos já diziam: “sangue dos mártires, semente de cristãos”. Vendo a sua fé, enxergam o caminho.
E o Senhor promete proteção: “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo de vossa cabeça” (Id 18).
Sendo parte de nossa fé, viver na expectativa e na esperança, purificamos nosso modo de viver e fortalecemos a Igreja.

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