PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“Tua fé te salvou”
Agradecer é
sinal da fé
Em seu caminho para Jerusalém
Jesus instrui seus discípulos. Na cura dos dez leprosos ensina sobre milagre e
sua presença na obra da Redenção. O milagre é o anúncio da inauguração do Reino
de Deus: “Se é pelo dedo de Deus que expulso demônios, então, com toda certeza
é chegado a vós o Reino de Deus (Lc 11,20). Mas é também
um momento da fé em Jesus como Salvador, não somente como curador. Como vimos
no evangelho do 27º domingo comum, a fé tem uma força transformante e nos põe a
serviço do Reino na gratuidade do dom que nos foi feito. O texto que narra a
cura dos 10 leprosos ensina que a fé não é somente crer e receber um “milagre”,
mas colocar-se em relacionamento com Deus em Cristo. Jesus, ao fazer o milagre,
espera que haja uma mudança no coração. Dez foram curados. Somente um veio
louvando a Deus e agradecendo. Jesus reclama com certa dor: “Não foram dez os
curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória
a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lc 17,17-18). Os outros
foram apresentar-se aos sacerdotes responsáveis para o atestado de cura da
lepra. Assim eram reintegrados na comunidade para todos os efeitos. Estavam
puros. Por que essa atitude de Jesus? A cura que Ele realiza é para provocar a
fé Nele como Salvador. A fé se desenvolveu no samaritano e o levou a Jesus e, por Ele, à glorificação do Pai.
Jesus lhe diz: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (19). Foi o mesmo
gesto do general sírio leproso depois de sua cura: “Teu servo já não oferecerá holocausto ou sacrifício a outros
deuses, mas somente ao Senhor” (2 Rs 5,17). O milagre
conduz ao louvor que é o reconhecimento de Deus.
A salvação dos povos
pela fé
A fé que Jesus
exige é exemplificada na cura de Naamã, general sírio. O profeta manda que se lave sete vezes no rio Jordão. O número
sete quer dizer uma ação completa. Naamã muda sua mentalidade. Quer viver uma
fé pura, por isso leva terra de Israel para celebrar sobre ela. Devemos fazer
um culto puro. Louvar é sair de si e aceitar Deus como origem de todos os bens.
O agradecimento é fundamental para a fé. Agradecer é tomar as atitudes de Jesus
para com seu Pai. Essa é a salvação que queremos anunciar aos povos. E que seja
pura, isenta de nossos egoísmos que se tornam vícios do poder, do prazer e do
ter, expressões da idolatria. Os outros nove cumpriram a lei do reconhecimento
da cura e se foram. Não se voltaram para Deus. Preocuparam-se somente com os
ritos a serem cumpridos. É chocante ver como Deus faz tantos milagres e a fé
das pessoas não cresce. Foram curados, mas não salvos. Jesus afirma: “Tua fé te
salvou”. Por isso é necessário o banho purificador da fé.
A Palavra não
está algemada
O ministério de
Paulo está voltado para o anúncio de Cristo Ressuscitado. Essa pregação foi
causa de suas prisões, como fosse um malfeitor (2Tm
2,8-9).
A fé em Cristo Ressuscitado é a purificação total daquele que crê. Ela nos
coloca em atitude de culto a Deus pelo agradecimento do grande benefício da
Redenção. Deus é sempre fiel. A fidelidade Divina exige a correspondência da
fé. Deus é fiel. Nós também podemos ser. Esse é o milagre que agradecemos. “Com
Ele morremos, com Ele viveremos. Se com Ele ficamos firmes, com Ele reinaremos.
Se nós O negamos, também Ele nos negará. Se lhe somos infiéis, Ele permanece
fiel, pois não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2,11-13). Paulo, mesmo
prisioneiro, anuncia a fé, pois a palavra não está algemada.
Leituras: 2 Reis 5,14-17; Salmo
97; 2Timóteo 2,8-13; Lucas 17,11-19
1.
Jesus ensina com a cura dos dez leprosos que o
milagre que salva é o que corresponde à fé que agradece e louva. Exige uma
mudança de mentalidade.
2.
A
fé tem que ser pura, sem os vícios que a abafam. A cura exige o agradecimento
para ser salvadora.
3.
A
fidelidade Divina exige a correspondência da fé.
Que
delícia de banho!
Em seu caminho Jesus ensina e faz
milagres que explicitam seu ensinamento. Podemos entender no evangelho da cura
dos dez leprosos que o agradecimento faz parte da fé no Deus generoso que cura
sempre. Mas cobra nosso reconhecimento. A fé tem sua dimensão humana e o humano
tem uma dimensão de fé. Jesus não se queixava das perseguições, das
adversidades, mas se queixou da falta de educação, também espiritual, dos
leprosos que não voltaram para agradecer.
Jesus se queixa porque o milagre
ficou incompleto: faltou acolher o dom com a alegria da ação de graças
reconhecendo Deus como autor de todo bem. Jesus diz ao samaritano que era um
estrangeiro e indesejado: “Não foram dez os curados? Os outros nove, onde
estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este
estrangeiro?” E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc
17,17-19). O
milagre não é tanto a cura física, mas a cura espiritual que é colocar a pessoa
em atitude de agradecimento a Deus, autor da renovação do homem. Os outros
ficaram curados, mas não mudaram o coração.
Vemos que as pessoas pedem graças
e milagres, mas estes não os levam a um relacionamento diferente com Deus.
Acham que “pagando a promessa” já pagaram o milagre. Foi o que fizeram os
outros nove. Foram a Jerusalém para cumprir a lei e receber o documento de
purificado.
Naamã é purificado obedecendo
(depois de relutar) a ordem do profeta Eliseu: “Vai e lava-te sete vezes no rio
Jordão”. O banho lhe trouxe a cura. Águas deliciosas! Mais que um banho, foi
uma conversão a Deus: “Agora estou convencido que não há outro Deus... senão o
que há em Israel (2Rs 5,15).
O fato de ser um samaritano, um herege e os outros
nove, judeus, mostra que a verdadeira religião está no coração agradecido a
Deus por seus imensos dons. Essa água nos deliciará.
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