PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Uma
festa de Jesus
Vamos refletir
sobre o tempo litúrgico do Advento e do Natal. Veremos a história da liturgia
do tempo do Natal, não as historinhas do Natal. Como sabemos, temos três
tempos: Páscoa, Natal e Tempo Comum. O Mistério Pascal de Cristo é único e
sempre o mesmo em cada celebração. Mistério não é algo incompreensível.
Buscamos conhecer mais, para viver melhor. Dizemos que é uma festa para Jesus,
pois Ele é o centro. O domingo, dia da Ressurreição de Jesus, é a primeira
celebração a se fixar. É o dia do Senhor. Era a Páscoa semanal. A seguir vem a
celebração do Domingo da Páscoa. Não vamos tratar da festa da Páscoa agora.
Consideraremos o tempo da Manifestação do Senhor, com o Advento e o Natal. Não
é a ordem correta, mas é pastoral para momento. Deve-se partir da Páscoa, pois
ela dá origem a todas as outras. Depois de estruturada a Páscoa, as comunidades
começaram a organizar a festa do Natal. O nome correto é Manifestação do Senhor
que une o tempo Advento, Natal, Epifania e Batismo do Senhor. Esta festa está
intimamente ligada à Páscoa, pois é o mistério da salvação em seu aspecto de sua
Vinda ao mundo. Ele vem consagrar o mundo pela Encarnação.
Festas
natalinas.
Já
no século III temos sinais da celebração do Natal, mas a criação das festas
natalinas se dá no século IV. Vejamos que são quase 400 anos para se chegar a
compreender a necessidade destas festas natalinas. Por que a criam? Os cristãos
começam a se perguntar: ‘Como e de onde veio o Cristo que ressuscitou?’ Como
não era conhecida a data do nascimento de Cristo, fez-se o cálculo do tempo e
escolheu-se uma festa pagã para colocar a festa cristã no lugar. É a primeira
hipótese. Era uma prática comum colocar no lugar de uma festa pagã, uma festa
cristã. Assim os cristãos não se envolviam com lembranças pagãs. A segunda
hipótese é a escolha da festa do nascimento do deus Sol Vencedor (dies natalis
solis invicti), dia 25 de dezembro, e neste dia celebrar o nascimento do
verdadeiro Sol da Justiça (Sol iustitiae), no solstício de inverno, quando o
tempo de sol do dia vence a noite. O dia passa a ser mais longo (25.12). Os
textos da liturgia, compostos por S. Leão Magno, estão cheios de luz. No
Oriente, a festa é celebrada dia 6 de janeiro, com o nome de Epifania, isto é dizer
Manifestação. Por isso temos uma dupla festa da Manifestação: No Ocidente, dias
25 de dezembro, a manifestação aos Pastores. No Oriente, dia 6 de Janeiro, a
manifestação aos Magos. Há mais uma teoria: Celebramos dia 25 de março a
Anunciação do Senhor. É o dia da Encarnação. Por isso o Natal se celebra dia
25. A data da Encarnação coincidiria com a Paixão, que se calculava que fosse
dia 25 de março. É uma hipótese a mais. Indica a íntima união do Mistério
Pascal de Cristo.
Advento,
uma espera
Por comparação
com a festa da Páscoa, que tem uma Quaresma, começou-se a celebrar um tipo de
Quaresma para o Natal. A esta chamamos de Advento. Pelo século IV na França
(Gália) e na Espanha se delineia um período de preparação ascética para a festa
do Natal. Em Roma, temos indicações do
Advento pelos anos de 550. Faziam-se jejuns em preparação para a festa. Assim
vai se estruturando. Na renovação da liturgia passou-se a lembrar a segunda de
Cristo. Para o momento, é preciso não perder o caráter de preparação espiritual
para o Natal. Sem essa preparação o Natal passa como uma festa de calendário. É
muito bom que os cristãos não se deixem levar pelo Papai Noel.
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