Evangelho segundo S. Lucas 5,33-39.
Naquele
tempo, os fariseus e os escribas disseram a Jesus: «Os discípulos de João
Baptista e os fariseus jejuam muitas vezes e recitam orações. Mas os teus
discípulos comem e bebem». Jesus respondeu-lhes: «Quereis vós obrigar a
jejuar os companheiros do noivo, enquanto o noivo está com eles? Dias virão
em que o noivo lhes será tirado; nesses dias jejuarão». Disse-lhes também
esta parábola: «Ninguém corta um remendo de um vestido novo, para o deitar num
vestido velho, porque não só rasga o vestido novo, como também o remendo não se
ajustará ao velho. E ninguém deita vinho novo em odres velhos, porque o
vinho novo acaba por romper os odres, derramar-se-á e os odres ficarão perdidos. Mas deve deitar-se vinho novo em odres novos. Quem beber do vinho velho não
quer do novo, pois diz: ‘O velho é que é bom’». Quem beber do vinho velho
não quer do novo, pois diz: ‘O velho é que é bom’».
Da
Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge
cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 83 sobre o Cântico dos Cânticos
«O noivo está com eles»
De entre todos os movimentos da alma, de
entre todos os sentimentos e os afetos da alma, o amor é o único que permite à
criatura corresponder ao seu Criador, senão de igual para igual, pelo menos de
semelhante para semelhante. [...] O amor do Noivo, ou antes, o Noivo que é amor,
apenas pede amor recíproco e fidelidade. Que seja, pois, permitido à noiva
corresponder a esse amor. E como poderia ela não amar, sendo noiva, e noiva do
Amor? Como poderia o Amor não ser amado? Ela tem, pois, razões para renunciar a
todos os outros afetos e para se entregar a um único amor, uma vez que lhe foi
dado corresponder ao Amor com um amor recíproco. [...]
Mas, mesmo que
ela se funda por completo no amor, o que será isso em comparação com a torrente
de amor eterno que brota da própria fonte? O fluxo não corre com a mesma
abundância daquele que ama e do Amor, da alma e do Verbo, da noiva e do Noivo,
da criatura e do Criador; não existe a mesma abundância na fonte e naquele que
vem beber à fonte. [...] Quer dizer então que os suspiros da noiva, o seu fervor
amoroso, a sua espera cheia de confiança, que tudo isso é em vão, porque ela não
pode rivalizar na corrida com um campeão (Sl 18,6), não pode querer ser doce
como o mel, terna como o cordeiro, branca como o lírio, luminosa como sol, e tão
amorosa como Aquele que é o próprio Amor? Não. Porque, se é certo que a
criatura, na medida em que é inferior ao Criador, ama menos do que Ele, também é
certo que pode amar com todo o seu ser; e, onde há totalidade, nada falta.
É esse o amor puro e desinteressado, o amor delicado, pacífico e
sincero, mútuo, íntimo, forte, que reúne os dois amantes, não numa só carne, mas
num único espírito, de modo que eles se tornam um só, nas palavras de São Paulo:
«Aquele que se une ao Senhor constitui com Ele um só espírito» (1Cor 6,17).
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