sábado, 6 de agosto de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Um Deus para todos”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Um Reino que se expande?
            A Igreja é uma estrutura humana e espiritual de grande perfeição. As leituras deste domingo, contudo, mostram claro que Deus não vive de estruturas. A oração da missa revela como Deus é: “Deus que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia” (coleta). Não dispensamos as estruturas, mas não podemos querer colocar Deus e sua ação sob nosso comando. A liturgia apresenta dois casos: Primeiro, o fato dos anciãos do tempo de Moisés: Eles fizeram uma profunda experiência de Deus com Moisés. Estavam profetizando. Dois deles estavam fora, no acampamento, e profetizavam também. Josué disse a Moisés que os proibisse. Este responde: “Oxalá todo o povo fosse profeta” (Nm 11,25-29). Segundo: Pessoas estavam fazendo milagres em nome de Jesus, sem estar com Ele. João proíbe e conta a Jesus. Este responde: “Quem não é contra nós, é a nosso favor” (Mc 9,39). Não é possível ser neutro diante de Jesus. Se falo dele é porque sou por ele. Há um ministério de Jesus que não é institucional, mas dom do Espírito. Gandhi disse: “A  verdade é uma só, mas tem muitas faces, como um diamante”. Pascal dizia: “Todo homem é um portador de Deus e da verdade”. Na Igreja há a tentação nos movimentos e grupos de monopolizar Deus. O jardim é belo na variedade das flores. É preciso dar espaço a outras modalidades. Busquemos a unidade na diversidade. O ecumenismo existirá, não quebrando as diferenças, mas procurando o bem, o amor e a verdade. Jesus ensina a sermos abertos.
Uma Igreja aberta
            Onde se faz o bem ali está o Reino de Deus. A Igreja reconhece o bem existente fora dela. A Igreja não perde seu valor se vemos que outros também tem verdades. A Igreja penetra em outras instituições. É como uma água pura que vai saneando outros banhados. Podemos aprender de outros que possuem a verdade. Isso é maturidade. Ninguém é totalmente errado. Um conferencista, professor de ciência das religiões de Marseille, França, e vive num meio muçulmano, afirma para os outros: “Em seu jardim ainda há flores que não desabrocharam”. Se não são capazes de acolher e juntos pensar, têm muito ainda a crescer. O cristão não pode ser cego à presença de Jesus fora dos muros da Igreja. O Espírito Santo, é como o vento que sopra onde quer (Jo 3,8). Podemos encontrar coisas boas fora da Igreja. É a pregação do Evangelho que se implantou. Deus não se limita à instituição. Rendemos graças a Deus por todo o bem que realiza em sua Igreja.
Os adversários de Deus
Temos que ser responsáveis e não escandalizar e conduzir ao mal e ao pecado os pequeninos e fracos. É necessário eliminar o mal pela raiz. Jesus disse que é preciso arrancar o olho, cortar a mão e o pé que nos levam ao mal. Significa: controlar as ações, o modo de proceder, e velar sobre os desejos (E.Balancin). Vemos aqui as tentações que atacaram Jesus e são a síntese de todos os males que atingem o discípulo. S. Tiago explica como a opção pela riqueza desenfreada desenvolve uma série de males que nos prejudicam, inclusive os pobres trabalhadores. Jesus apresenta um caminho saudável: “Quem vos der a beber um copo d’água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber sua recompensa” (Mc 9,41). O bem que fazemos não é esquecido. Deus é para todos. Nós que escolhemos Jesus faremos o bem que ele fez. A Palavra de Deus na Eucaristia é sempre uma alerta para retomarmos o verdadeiro caminho. 

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