PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Missão feita com o coração
Quando os
apóstolos retornaram de sua primeira experiência apostólica (Mc 6.6-13), “reuniram-se com Jesus e contaram
tudo que haviam feito e ensinado” (Mc 6,30).
Podemos perceber a atenção de Jesus escutando as narrativas da experiência
pastoral de seus “meninos”. A compaixão de Jesus não significa só cuidado dos
sofredores, mas é também a capacidade de estar junto e escutar cada um.
Referindo-nos a sua compaixão para com o povo, aprendemos que sua metodologia
na pregação é a capacidade de amar de coração. Os evangelistas colhem esse
sentimento que move Jesus em seu ministério. Foi isso que aprendeu do Pai que O
enviou ao mundo. Sua missão é mostrar o coração do Pai aberto a todos. Por
isso, no momento de sua morte, seu
coração é aberto pela lança para significar que, por aí, temos acesso ao Pai.
Jesus convida os discípulos a saborear, na solidão do descanso, as delícias de
seu ministério. Vão descansar com Ele e Nele: “Vinde a um lugar deserto e
descansai um pouco (v.31). Lembremo-nos
que um dos temas da Escritura é entrar no descanso de Deus (Hb 3 e 4). O repouso não é só não ter o que
fazer, mas é ter a capacidade de acolher os que necessitam de repouso: “Saindo
de toda as cidades, correram a pé e chegaram lá antes deles” (Mc 6,33). O que vai repousar o apóstolo será a
compaixão que vêem em Jesus. O povo sofrido, refugiava-se nos desertos para
fugir das violentas atitudes e Herodes que há pouco matara João Batista (Mc 6,11-29), e corria para Jesus. Deus é o meu
repouso. Não poderemos jamais repousar tranqüilos se a compaixão não nos leva a
acolher os sofredores. Não nos dói o coração ver tantos povos distantes do amor
de Cristo? Para trabalhar com o coração é preciso o repouso no Senhor. Por
isso, a compaixão será um privilégio do apóstolo. “Os que choram serão
consolados” (Mt 5,5).
Ele é nossa paz
Paulo proclama que
a missão de Jesus é unir os povos e romper com toda a divisão. No templo havia
divisão entre os homens judeus e os pagãos. Jesus aboliu a separação. Essa
atitude de Jesus faz dele a Paz. Quando levantamos tantos muros e fazemos tantas
leis e decretos, colocamos fora os amados de Cristo, os abandonados. Entre os
abandonados estão os que não têm fé. Cristo quer unir e reunir. Sentimos que
tantos pastores do povo, tanto na sociedade civil como na religiosa, dispersam
as ovelhas. São incompetentes na missão de promover paz. A profecia de Jeremias
provoca a esperança de um pastor, descendente de Davi, que reinará como rei e
será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra. Naqueles dias Judá será
salvo e Israel viverá tranqüilo”(Jr 23,5-6).
Podemos realizar esta esperança dos povos. Felizes os que promovem a Paz porque
serão chamados filhos de Deus. (Mt 5,9).
Ser pastor em Cristo
Cristo é o bom
pastor. Todos os que anunciam ou dirigem o povo de Deus são pastores, mas em
Cristo. Ele continua de pastor. Quantas ovelhas perdidas pelo mundo enquanto os
pastores engordam e se refestelam à custa de sua lã e seu leite. Jesus fez o
contrário, deu a vida o sangue para que todos tivessem vida. As autoridades são
chamadas a serem pastores do povo. Agradarão a Deus se praticarem a justiça (Jo 10,10). Sem isso, sua autoridade não tem
consistência. Cada Eucaristia é uma oportunidade de nos concentrarmos no único
necessário e assumir nosso lugar no mundo e ser sustentados por Ele. Ser líder
do povo de Deus é ter sua compaixão. O abraço da paz na Eucaristia promove a
compaixão, a paz e missão do bom Pastor de conduzir às águas tranqüilas (Sl 22,2).
Nenhum comentário:
Postar um comentário