domingo, 17 de julho de 2016

Homilia do 16º Domingo Comum (17.07.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“Encontro com Deus”
Sabia ser amigo
Os evangelhos sempre nos apresentam Jesus ensinando com sua própria vida. É um caleidoscópio que sempre oferece uma face nova. A temática apresentada hoje é a hospitalidade e seus frutos. Lemos a misteriosa narrativa da visita dos três personagens a Abraão. Este os recebe com todas as honras orientais devidas a um hóspede. A hospitalidade tem o sentido de uma visita Divina. O texto é de difícil de interpretação. Na liturgia deste domingo é usado aqui para acompanhar o texto da visita de Jesus à casa de Marta e Maria. Esta visita, já costumeira, se reveste de um ensinamento profundo: acolher Jesus em sua vida está acima de todas as preocupações. É o convite a ir ao único necessário que não nos será tirado. Não se trata de um desleixar-se das coisas necessárias à vida, mas de dar-lhes o sentido de abertura ao encontro com Deus. Abraão realizou um intenso cerimonial de acolhida para colocar em ação a presença de Deus que o animava. Sair de si para acolher é já um anúncio da presença de Deus em nós. É o que ocorre com Marta e Maria. Maria acolhe Jesus e Marta O acolhe também, mas através de coisas que desviam do sentido de sua visita: estar com Ele. Abraão “permanece de pé junto deles debaixo da árvore enquanto comiam” (Gn 18,8). Ao terminarem o encontro, um deles deixa a promessa de um filho a Sara que ri por isso quando Isaac nasce, Sara diz: “Deu me deu motivo de sorrir” (Gn 2,16). Ela já passara da idade de ter filhos. À Marta Jesus diz: “Marta, você vive muito atarefada com as coisas. Uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” (Lc 10,41-42). O fruto mais precioso é estar com Jesus ouvindo sua palavra e participando de sua convivência. Isso é vitalidade.
Quem morará em vossa casa
         O que significa habitar a casa de Deus como rezamos no salmo? A morada Divina não é algo exterior, mas viver na presença de Deus que habita nosso coração. O sinal da presença de Deus, isto é, “morar em sua casa”, é viver as condições propostas pelo salmo 14. Estas se referem ao respeito ao outro na justiça, na verdade, no respeito sem exploração. Fruto dessa habitação: acolher Deus gera uma descendência de vitalidade. Os frutos de Deus são perenes. Isaac é o filho da promessa, como uma recompensa da hospitalidade de Abraão. Essa promessa culminará no Filho da promessa que é Jesus do qual Isaac é uma imagem. Jesus sendo acolhido por Maria e Marta continua na missão de ser o Hospede que chamamos de Hóspede de nossa alma. Aqui somos convocados a dar espaço a uma escuta privilegiada de Jesus. Esses momentos de intimidade com o Senhor vão além e permanecem como um lugar onde podemos nos refugiar nos momentos quentes da vida, como ocorreu com os três homens.
Corpo sofredor.
Cristo Jesus exerce a hospitalidade para conosco, unindo-nos a seu corpo. No Corpo de Cristo não participamos somente das riquezas de Cristo e dos membros. Estamos unidos também a seus sofrimentos. Paulo se alegra pelo que sofreu por Cristo para completar em sua carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com seu corpo, isto é, a Igreja (Cl 1,214). Cristo exerce uma hospitalidade de nos acolher em seu Corpo, a Igreja. Exercemos a hospitalidade quando acolhemos aos sofrimentos dos outros participando deles. O sofrimento é momento do encontro amoroso com Deus em Cristo. Nossa união a Cristo cobra de nossa parte esse “sofrimento” de serenar nosso coração.
Leituras: Genesis 18,1-10; Salmo 14; Colossenses 1,24-28;Lucas 10,31-42 
  1. A temática de hoje é a hospitalidade e seus frutos. Jesus hospeda-sena casa de Lázaro, Marta e Maria. A primeira leitura aprofunda a reflexão com a visita dos três personagens a Abraão. A hospitalidade é acolher o próprio Deus. Ela produz frutos.
  1. O salmo convida a morar na casa de Deus que será viver na presença de Deus que habita nosso coração. Para isso é preciso viver as condições de relacionamento com o outro na justiça e na verdade. A hospitalidade gera uma recompensa a Abraão e Marta e Maria.
  1. Cristo exerce hospitalidade para conosco unindo-nos a seus sofrimentos. Acolhendo os sofrimentos de nossos irmãos, estamos unidos ao Corpo de Cristo que é a Igreja. 
         O salário do descanso 
         O evangelho que narra a visita de Jesus à casa de Lázaro, Maria e Marta é um retrato do ser humano de Jesus. Ele era gente como nós. Ser Deus para Ele combinava com sua condição humana.
         Jesus tinha amigos e sabia ser amigo. Tinha liberdade de hospedar-se na casa desses amigos. A convivência com Ele devia ser muito gostosa. Era muito proveitoso papear com Ele. Quando Deus cria o sábado para o descanso do homem, incluiu nesse descanso, descansar em Deus.
         Não existe em Jesus uma falsa mania de dizer que repousar é perda de tempo. Todos nós gostamos. Jesus quer mais que isso. Quer também que repousemos com Ele.
O repouso dá abundantes frutos. Abraão foi hospitaleiro e recebeu com grande atenção os Três Homens (Anjos) que passaram por sua casa. Fez o melhor que podia. Abraão descansou ao dar repouso às três misteriosas personalidades. Eles descansaram da viagem e Abraão descansou em Deus.
         Jesus visita seus amigos e se hospeda em suas casas. Marta estava atarefada com a preparação da comida. Maria conversava com Jesus e se alimentava de suas palavras. Marta reclama da irmã. Jesus não nega a importância do trabalho, mas estar com Ele é muito mais importante. É como a dizer: vamos conversar, depois vamos juntos trabalhar.
         Quem não sabe descansar em Deus, jamais terá um repouso frutuoso.

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