Evangelho segundo S. João 17,1-11a.
Naquele
tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e disse: «Pai, chegou a hora. Glorifica o
teu Filho, para que o teu Filho Te glorifique e, pelo poder que Lhe deste
sobre toda a criatura, Ele dê a vida eterna a todos os que Lhe confiaste. É
esta a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e Aquele que
enviaste, Jesus Cristo. Eu glorifiquei-Te sobre a terra, consumando a obra
que Me encarregaste de realizar. E agora, Pai, glorifica-Me junto de Ti
mesmo com aquela glória que tinha em Ti, antes que houvesse mundo. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo Me deste. Eram teus e Tu mos
deste e eles guardam a tua palavra. Agora sabem que tudo quanto Me deste vem
de Ti, porque lhes comuniquei as palavras que Me confiaste e eles
receberam-nas: reconheceram verdadeiramente que saí de Ti e acreditaram que Me
enviaste. É por eles que Eu rogo; não pelo mundo, mas por aqueles que Me
deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu; e
neles sou glorificado. Eu já não estou no mundo, mas eles estão no mundo,
enquanto Eu vou para Ti».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense
Sermão para
a Ascensão, 1-2: PL 185, 153-155
Chegada a hora de passar deste mundo para o Pai, Jesus rezou deste
modo.
O Senhor proferiu esta oração na véspera da
sua Paixão. Mas não é despropositado aplicá-la ao dia da Ascensão, ao momento em
que Ele Se preparava para deixar para sempre os seus «filhinhos» (Jo 13,33), que
confiou ao Pai. Ele, que no Céu dirige a multidão dos anjos que criou, ligou-Se
na Terra a um «pequeno rebanho» (Lc 12,32) de discípulos, a fim de os instruir
enquanto estava presente na carne, até ao momento em que, tendo-se-lhes alargado
o coração, eles pudessem ser conduzidos pelo Espírito. Ele amava estes
pequeninos com um amor digno da sua grandeza. Depois de os ter levado a
distanciar-se dos amores deste mundo, viu-os renunciar a qualquer esperança
humana e depender apenas dele. Mas, enquanto vivia com eles no seu corpo, não
lhes prodigou demasiadas provas do seu afecto, mostrando-Se mais firme do que
terno, como convém a um mestre e pai.
Quando, porém, chegou o momento de
os abandonar, pareceu ser vencido pela terna afeição que lhes tinha e deixou de
conseguir simular a imensidão da sua bondade. [...] Donde as palavras: «Tendo
amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim» (Jo 13,1). Pois nessa
altura deixou que toda a força do seu amor se derramasse sobre os seus amigos,
antes de Ele próprio Se derramar como água sobre os seus inimigos (Sl 21,15).
Assim, entregou-lhes o sacramento do seu corpo e do seu sangue, ordenando-lhes
que o celebrassem. Não sei o que é mais admirável: se o seu poder ou a sua
caridade, ao inventar esta nova maneira de permanecer com eles, a fim de os
consolar pela sua partida.
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