PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Os
mistérios do coração
Iniciamos a leitura do “discurso das
parábolas do Reino”, capítulo 13 de Mateus, pela parábola do semeador. Ela tem
o ciciar da semente ao ser semeada. Ao explicar o Reino, usa de parábolas com
símbolos tão próximos às pessoas. No anúncio do Reino surge a questão da
incompreensão. O endurecimento do coração causará perda das sementes do Reino. Jesus, citando Isaias (6,3-10), dá o motivo da diversidade de resultados dessa
semeadura: “É por isso que falo em parábolas, porque vêem sem ver, e ouvem sem
ouvir nem entender” (Mt 13,13). O
ensinamento é acessível, se a pessoa tiver ouvidos. O fechamento à graça resulta no mau resultado
da semeadura. O coração do homem é sempre um mistério. Jesus descreve o coração
do homem diante da Palavra de Deus. Pode bloquear, pois tem a liberdade de
corresponder. Jesus é o semeador. O coração das pessoas é o campo onde é
semeada a semente. O modo de semear do povo era simples: lançavam a semente e
depois revolviam a terra. São quatro tipos de coração, quatro situações, onde a
semente é lançada: terra inculta é junto ao caminho por onde as pessoas passam.
Ouvem e não compreendem. O maligno rouba o que foi semeado no coração. As
sementes que caem no terreno pedregoso são os que acolhem, mas elas não têm
raiz. Quando vem a dificuldades, abandonam. As que caíram entre os espinhos são
os que ouvem, mas vivem afadigados com o mundo. Não dão fruto. As que caíram em
terra boa são aqueles que ouvem a Palavra e a compreendem. Essas dão fruto, uns
30, outros 60, outros 100, isto é produzem fruto em plenitude. A pergunta
que fazemos: que tipo de terra somos? Somos convidados e não fechar os ouvidos
nem endurecer o coração.
A
criação espera a redenção
A leitura da Carta Romanos não está
ligada diretamente a esta temática da semeadura do Reino, mas diz dos
resultados da implantação do Reino. O futuro é garantido para quem acolhe a
Palavra, mesmo em meio aos sofrimentos. Quem os suporta sabe que “os
sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados à glória que deve ser
revelada em nós” (Rm 8,18). As sementes,
mesmo em terra difícil, podem germinar e produzir frutos, como Jesus que
sofreu. O resultado do acolhimento tem uma ressonância universal, pois “toda a
criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de
Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade... e espera ser libertada da
escravidão da corrupção e, assim participar da liberdade e da glória dos filhos
de Deus” (Rm 8,20-21). O Reino acolhido
redime o Universo. A redenção da criação devolve-lhe o direito de existir a
serviço do homem para a glória de Deus, conservando sua integridade. O homem
serve a criação respeitando e promovendo sua missão. Pois tudo canta de alegria!”(Sl 64).
A
força da Palavra
A
primeira leitura faz espelho ao Evangelho mostrando a força criadora e realizadora
da Palavra de Deus. O profeta Isaias a compara à chuva que cai do céu, e não
volta sem realizar sua função. A Palavra vai além de nossos projetos, pois ela
é um desígnio de Deus de dar vida. A Palavra não depende de nosso querer
humano. Ela tem uma força interior que provém do próprio Deus, pois sai de sua
boca, isto é, dele mesmo. A liturgia é lugar de ouvir a Palavra. Por isso toda
a celebração produz o efeito para o qual Deus a destinou. Somos terras
difíceis, mas Deus é um bom agricultor. Não lemos um texto na missa,
proclamamos a presença da salvação.
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