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PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVIERA CSsR |
494.
Ressuscitando das próprias cinzas
Refletimos
sobre as cinzas do mal do mundo. Ficamos meio desanimados e nos perguntamos: Está
tudo perdido? Estamos em um beco sem saída? Vemos que os males se avolumam.
Sempre problemas houve problemas na humanidade. Houve muita evolução. Uns males
evoluem; outros aparecem comofruto do desenvolvimento; outros são superados. Hoje,
por exemplo, não justificamos o mal da guerra. Antes, até na Bíblia lemos que
Deus mandou arrasar os inimigos, suas cidades, seus habitantes e até seus
animais (1 Sm 15,3). Justificava-se um mal. Houve guerras santas. Hoje não
justificamos. Podemos mudar e ressuscitar dessas cinzas e sair desses males que
nos atingem. Por que? Somos amados por Deus como filhos queridos. Cada homem e
mulher são filhos amados de Deus (não somente os de minha Igreja, seja ela qual
for). Todos, desde o embrião ao ancião! Podemos construir um paraíso nesta
terra. Nada impedirá. Somente somos impedidos por nós mesmos. No momento em que
faço esse paraíso dentro de mim, já surge um mundo novo. Imaginemos que todos o
fizerem! Vai se realizar o sonho da humanidade. Mas o paraíso começa aqui e
continua na casa do Pai. Lá ele preparou um lugar maravilhoso para nós. O
bilhete de entrada é adquirido aqui. Aquelas tentações que destroem o ser
humano podem ser vencidas. Os antigos santos diziam: o diabo é fraco. Basta
dizer não que ele vai embora. Nós que amamos a Deus e amamos as outras pessoas,
iniciamos essa ressurreição. Os muitos males do mundo são vencidos dentro do
coração. Depois se tornam estruturas políticas, sociais, econômicas,
religiosas, espirituais. Jesus mostrou aos discípulos a Paixão, mas também fez
ver a Ressurreição quando se transfigurou e foi apresentado pelo Pai como Filho
amado. O Pai diz: “Ouvi-o”. Aí começa a vida nova. A transfiguração de Jesus
não é um fato isolado. Nós participamos dela.
495.
Vós sois deuses
Jesus
disse aos judeus, que O perseguiam por se declarar Deus: “tu te fazes Deus”.
Disse isto, citando a escritura “vós sois deuses” (Jo 10,34). A espiritualidade
caminha nessa direção: a transfiguração do ser humano para chegar a uma sempre
maior participação da divindade. Isso parece tão distante de nosso dia a dia!
Mas S. Pedro escreve que somos participantes da natureza divina (2 Pd 1,4).
Pela encarnação de Jesus, entendemos essa possibilidade, pois sua divindade se
uniu a nossa humanidade. A transfiguração de Jesus, colocada pela liturgia
depois do domingo das tentações, está a mostrar aonde vai o caminho do ser
humano: ser transfigurado. João escreveu: “Seremos semelhantes a ele” (1Jo 3,2).
Não podemos nos fixar nos males, mas contemplar a meta. Nós nos preocupamos
muito com nossos males, e nos esquecemos de ver as virtudes e as coisas boas
que fazemos. Elas superam os males. Temos solução. O mundo tem futuro.
496.
Vitória programada
Jesus
dá-nos o programa dessa vitória. Primeiramente Ele venceu o mal e abriu as
portas do Paraíso, passando pela Paixão e Morte. Entre nós e Deus não há mais
problema. Em segundo lugar, nós podemos fazer o caminho que Ele fez. Aliás, S.
Agostinho nos diz que nEle fomos tentados, nEle nós vencemos. A vitória é
garantida, pois Ele já a conquistou. Conquistou por nós. Ele oferece o caminho
que fez para vencer, nas respostas que deu ao demônio na tentação. Venceremos
as três tentações fundamentais pela Palavra de Deus, pela humildade e pela
adoração, reconhecendo Deus como primeiro e último fom de nossa vida. A
Quaresma é tempo também de pensar na vitória.
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