quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Filho muito querido”

PADRE LUIZ CARLOS 
DE OLIVIERA CSsR
494. Ressuscitando das próprias cinzas
            Refletimos sobre as cinzas do mal do mundo. Ficamos meio desanimados e nos perguntamos: Está tudo perdido? Estamos em um beco sem saída? Vemos que os males se avolumam. Sempre problemas houve problemas na humanidade. Houve muita evolução. Uns males evoluem; outros aparecem comofruto do desenvolvimento; outros são superados. Hoje, por exemplo, não justificamos o mal da guerra. Antes, até na Bíblia lemos que Deus mandou arrasar os inimigos, suas cidades, seus habitantes e até seus animais (1 Sm 15,3). Justificava-se um mal. Houve guerras santas. Hoje não justificamos. Podemos mudar e ressuscitar dessas cinzas e sair desses males que nos atingem. Por que? Somos amados por Deus como filhos queridos. Cada homem e mulher são filhos amados de Deus (não somente os de minha Igreja, seja ela qual for). Todos, desde o embrião ao ancião! Podemos construir um paraíso nesta terra. Nada impedirá. Somente somos impedidos por nós mesmos. No momento em que faço esse paraíso dentro de mim, já surge um mundo novo. Imaginemos que todos o fizerem! Vai se realizar o sonho da humanidade. Mas o paraíso começa aqui e continua na casa do Pai. Lá ele preparou um lugar maravilhoso para nós. O bilhete de entrada é adquirido aqui. Aquelas tentações que destroem o ser humano podem ser vencidas. Os antigos santos diziam: o diabo é fraco. Basta dizer não que ele vai embora. Nós que amamos a Deus e amamos as outras pessoas, iniciamos essa ressurreição. Os muitos males do mundo são vencidos dentro do coração. Depois se tornam estruturas políticas, sociais, econômicas, religiosas, espirituais. Jesus mostrou aos discípulos a Paixão, mas também fez ver a Ressurreição quando se transfigurou e foi apresentado pelo Pai como Filho amado. O Pai diz: “Ouvi-o”. Aí começa a vida nova. A transfiguração de Jesus não é um fato isolado. Nós participamos dela.
495. Vós sois deuses
            Jesus disse aos judeus, que O perseguiam por se declarar Deus: “tu te fazes Deus”. Disse isto, citando a escritura “vós sois deuses” (Jo 10,34). A espiritualidade caminha nessa direção: a transfiguração do ser humano para chegar a uma sempre maior participação da divindade. Isso parece tão distante de nosso dia a dia! Mas S. Pedro escreve que somos participantes da natureza divina (2 Pd 1,4). Pela encarnação de Jesus, entendemos essa possibilidade, pois sua divindade se uniu a nossa humanidade. A transfiguração de Jesus, colocada pela liturgia depois do domingo das tentações, está a mostrar aonde vai o caminho do ser humano: ser transfigurado. João escreveu: “Seremos semelhantes a ele” (1Jo 3,2). Não podemos nos fixar nos males, mas contemplar a meta. Nós nos preocupamos muito com nossos males, e nos esquecemos de ver as virtudes e as coisas boas que fazemos. Elas superam os males. Temos solução. O mundo tem futuro. 
496. Vitória programada
            Jesus dá-nos o programa dessa vitória. Primeiramente Ele venceu o mal e abriu as portas do Paraíso, passando pela Paixão e Morte. Entre nós e Deus não há mais problema. Em segundo lugar, nós podemos fazer o caminho que Ele fez. Aliás, S. Agostinho nos diz que nEle fomos tentados, nEle nós vencemos. A vitória é garantida, pois Ele já a conquistou. Conquistou por nós. Ele oferece o caminho que fez para vencer, nas respostas que deu ao demônio na tentação. Venceremos as três tentações fundamentais pela Palavra de Deus, pela humildade e pela adoração, reconhecendo Deus como primeiro e último fom de nossa vida. A Quaresma é tempo também de pensar na vitória.

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