quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Chaves do Reino”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Felizes os pobres
            Todos nós queremos achar a chave da felicidade. O Sermão da Montanha é a demonstração de que Jesus pensou nisso e ofereceu essa chave. Ela é a síntese de todo seu ensinamento e a expressão de sua vida. Essas bem-aventuranças são a realização máxima da pessoa humana e cumprimento de sua vocação.  A proclamação da nova lei, resumida nos capítulos 5-7 de Mateus, é uma retomada do Sinai. Moisés subiu o monte e recebeu a Lei de Deus entre trovões e relâmpagos. Jesus, o novo Moisés, dá a lei ao povo na serenidade e na paz. Sua palavra é de felicidade. Nessa nova lei, Jesus descreve o que Ele é e o que devem ser todos os cristãos. Quando ensina: “Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), está a recomendar o programa que apresentou. Quando Jesus proclama ‘felizes os pobres em Espírito porque deles é o Reino dos Céus’, está na linha de toda a Escritura, como lemos no profeta Sofonias: “Buscai o Senhor, humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos” (Sf 2,3). Pobres são os que decidem ser pobres em tudo, colocando a confiança só em Deus. Os bens são impedimento de aderir a Deus. Se esse obstáculo for removido, o Reino de Deus é deles. A condição do cristão é de fragilidade. Deus escolheu o que não tem importância para confundir o que é forte (1Cor 1,27-29). Os pobres, nas dificuldades, são capazes de confiar em Deus. São pobres os que se desapegam para por em Deus sua opção de colocar-se a favor dos pobres.
Felizes os pacíficos
            Os mansos, os misericordiosos, os puros de coração, participam da bondade de Deus. Pacífico é Cristo, Filho de Deus. Os filhos de Deus constroem um mundo de paz. Paz é reconhecer Deus como vida e construir a vida na bondade e no acolhimento, deixando de lado toda a discriminação. Soma-se à paz, a misericórdia. Ser misericordioso é ser como Deus que é terno e misericordioso. Jesus é a revelação da misericórdia de Deus. Ele manifesta a compaixão pelos que sofrem. Acolhia os pecadores e comia com eles (Lc 15,2). A misericórdia de Jesus não é dó sentimental pelos que sofrem. Ele se abaixou para estar próximo. Conheceu a fragilidade humana. Com Ele ninguém pode negar que Deus se entrega ao extremo do amor, fazendo-se homem, morrendo na cruz e fazendo-se alimento na Eucaristia. O misericordioso vive na perfeição de Deus. Nessa perfeição, é puro de coração e vê a Deus e suas realidades. Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus (Jo 8,47). Impureza é não querer conhecer Deus e não Lhe atribuir glória e louvor. Deus não abandona, se não for primeiro abandonado. Assim somos abandonados às nossas próprias paixões. Ver é ser igual. Escreve João: “Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos” (1João 3,1-2).
Felizes os perseguidos
            A bem-aventurança da perseguição, por causa da justiça, assusta nossa fragilidade, pois recusamos os sofrimentos. Deus não quer que soframos, mas, como nos identificamos com Jesus, passamos pelo que Ele passou. Tomando sua cruz, quer dizer, seu caminho, sua disposição de entrega de vida na pobreza, na paz, na mansidão, na aflição pelo bem, na misericórdia nós nos identificamos com Ele, o servo sofredor. A perseverança é sinal de fidelidade. Os que foram fiéis, lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro.  Os que choram pelos males do mundo recebem de Deus o consolo. Depois que assumirmos esse caminho das bem-aventuranças, poderemos de fato nos considerar cristãos.

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