sexta-feira, 6 de novembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “A salvação está mais perto de nós”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Ficai atentos!
A fé cristã tem uma forte dimensão de vigilância. Não se trata do medo de um desastroso, mas vigilância para ir ao encontro do Senhor quando Ele vier. O tempo do Advento é o momento litúrgico propício para esta reflexão: quando celebramos a vinda de Cristo, como humano, nós nos lembramos também que Ele virá como Senhor, para levar com Ele ao Reino os que esperam por sua vinda. Estar atento é a inteligência de superar as incompreensões do momento presente. Jesus usa a comparação do dilúvio: Noé percebeu isso, e os outros continuaram o dia-a-dia, sem se darem conta que havia uma necessária mudança no mundo. Estar pronto para o Senhor é compreender as horas de Deus. A hora de Deus é toda hora. Viver a hora de Deus é caminhar para a plenitude. Esta é a capacidade que temos de unir o começo ao fim, vivendo já o que viveremos depois, isto é, a fecundidade de dar frutos. Jesus faz uma comparação interessante quando diz da construção da arca: “Pois nos dias, antes do dilúvio, todos comiam e bebia, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na Arca. Eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos” (Mt 24,38). O erro não foi casar-se, comer e beber. O erro é viver os bens materiais e afetivos sem uma dimensão de plenitude. O dia do Filho do Homem vai ser de plenitude, quando todas as coisas tomam sentido a partir da graça de sua presença. O que vem nas nuvens não é o Senhor que condena, mas o Senhor da Aliança. O conselho de vigiar com lâmpadas acesas, com jejum, esmola e oração, com obras da caridade é o sentido da plenitude. É estar obediente à Palavra. Noé ouviu a Palavra do Senhor e solucionou a questão. E nós, como solucionamos o dilúvio no mundo atual, os tsunamis da vida?
As espadas se tornarão arados
Isaías conclama a uma percepção maior da realidade do templo do Senhor. Para ele acorrerão os povos (Is 2,2,1-5). Os povos procurarão o templo para ali aprender os caminhos do Senhor e seus preceitos. Todo peregrino canta: “Que alegria quando me disseram: vamos a casa do Senhor!” (Sl 121). Na casa do Senhor, isto é, na sua presença, temos muito a aprender. O profeta tem uma ousadia monumental de crer numa mudança: O mundo vai se transformar. Temos direito de esperar mudanças radicais. Há uma profecia de quem crê e espera: “Estes (povos) transformarão suas espadas em arados e sua lanças em foices. Não mais pegarão em arma uns contra os outros”... “Vinde, todos à casa do Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (4-5). É uma esperança séria e confiante: vai acontecer uma mudança. Por isso não podemos nos desesperar e abandonar a fé que temos em um Deus que é luz e força no caminho. Sonhemos acordados.
Já é hora de despertar do sono
Oração da missa dá a perspectiva vivencial: “Concedei aos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”. Paulo ensina que a espera se faz pela honestidade de vida: “Procedemos honestamente; nada de comedeiras, bebedeiras, nem orgias sexuais e imoralidades nem brigas e rivalidades” (Rm 13,13). É como disse Jesus sobre o dilúvio: o equilíbrio do afeto e dos bens é a melhor maneira de esperar o Senhor, isto é, deixar que a presença do Senhor nos invada no seu dia, isto é, na sua plenitude. É preciso revestir-se de Cristo por dentro (14)

Nenhum comentário:

Postar um comentário