PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
460. Continuando a História da Salvação
Entramos em um tempo novo da celebração do Mistério Pascal de Cristo.
Cada época do ano fazemos memória de um aspecto da vida de Cristo. Agora é seu
Natal. Não podemos perder de vista que, cada aspecto da vida de Cristo só se
compreende a partir de sua Páscoa. Ela toma sua vida. O Natal tem sua quaresma
preparatória, o Advento. Ele não é penitencial, mas está voltado para a
vigilância e a expectativa de Cristo que vem. O Advento celebra as duas vindas
do Senhor, primeiro na Glória na ressurreição da carne e da vinda gloriosa. A
segunda é sua vinda na carne, no Natal, com seu nascimento. Ele veio falar do
Pai: “Deus, que nos tempos antigos já havia falado tantas vezes e de tantos
modos a nossos pais por meio dos profetas, nestes dias, que são os últimos,
falou-nos por meio de seu Filho” (Hb 1,1-2). Essa etapa da História da Salvação
nos traz a concretização do desígnio de Deus que se manifesta e acolhe. Celebra
a ação de Deus que entra em nossa história e a transforma em história da
salvação. O ponto máximo é a encarnação. Não se trata só de acontecimentos
históricos, mas de gestos de Deus que mostram quem Ele é, e o que quer nos
oferecer. Esse mistério não é suficientemente acolhido por nós. A vinda do
Filho de Deus como Homem-Deus, mudou o sentido do mundo. Ela não é uma
historinha que a sociedade transforma em seu proveito. O centro do Natal acaba
sendo o velhinho simpático, mas sem sentido e inócuo. “Ele veio para os que
eram seus e os seus não o receberam” (Jo 1,11) O chamado para sua segunda vinda
é o convite a participar de sua vinda na carne e chegar com Ele na glória. A
Salvação continua oferecendo a toda humanidade um tempo novo de encontro com
Ele.
461. Nossa História da Salvação
A história da salvação não é algo a ser narrado. Nós a contamos em nós
mesmos, na medida em que nos abrimos e permitimos que nossos caminhos se juntem
com os caminhos de Deus. O que é nosso passa a ser de Deus e o que é de Deus
passa a ser nosso. Ter os pensamentos de Deus. É uma bela costura que Deus faz
de nossa história com a sua História. Passamos a parceiros na construção de um
mundo de Deus. Nós sempre imaginamos nossa história como sendo um destino
inexorável. Pensamos a história de Deus como um como algo à parte que é preciso
aprender, sem muito entender. Mas fazemos parte dela. Nossa história se torna
também história da Salvação. Foi nela que Ele entrou como escreve a Sabedoria: “Quando um silêncio profundo envolvia
todas as coisas e a noite mediava seu rápido percurso, tua Palavra onipotente
lançou-se do céu, de vosso trono real” (Sb 18,14-15).
Ele entrou para ficar: “Minha alegria é estar com os filhos dos homens” (Pr
8,31). Nossa história é história de salvação. Nela é que nos salvamos.
462. Tempo provisório
O fim dos tempos não marca uma desgraça universal.
Todos os sinais apresentados percorrem toda a história. É curioso ver como
gostamos de prever catástrofes e nos deliciamos com as calamidades naturais e
os acidentes espetaculares. O fim dos tempos acontece a cada minuto. Com a
encarnação de Jesus, a vinda de Cristo, o fim estabelece como uma presença que
atrai. Somos chamados a ir a seu encontro como lemos nas parábolas. Cada celebração se institui como um convite
para que venha: “Vem Senhor Jesus”. Não é a espera de uma surpresa
desagradável, mas a prontidão para uma festa. A provisoriedade de nossas
realidades não é um mal; é uma força que impulsiona na busca dos bens que
duram. Só nele encontramos consistência.https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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