PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
A Graça nos veio por Maria
O significado de “graça”, no sentido do texto bíblico, é agrado-favor
que torna bela a pessoa. Bela pela intervenção de Deus. Na Encarnação, Maria
recebe o grande favor divino. Ela é cheia da graça, pois o Senhor está com ela
(Lc 1,28). Ele á a toda santa pela presença de Deus. É Imaculada, uma vez que não
existiu nela o pecado original nem o pessoal. Foi um puro dom de Deus, fruto
dos méritos de Jesus, em vista da redenção que nos trouxe. A graça que enche o
coração de Maria é a graça de Cristo. A graça de Cristo na redenção é para
todos os tempos. Por isso pôde preservar Maria de toda a mancha do pecado,
antes do fato histórico da morte de Jesus. É pura graça de Deus. Deus podia
fazer, quis fazer e fez, como diz Duns Scotus. Esse dogma foi proclamado pelo
Papa Pio IX, dia 8 de dezembro de 1854. Por que só então? Antes não era verdade?
A Igreja não inventa dogmas, verdades que devem ser acreditadas com total
aceitação. Ela recolhe essa verdade da Tradição, dos ensinamentos dos antigos
mestres da Igreja (chamados pais da Igreja), da liturgia, dos ensinamentos dos
Papas, concílios e doutores. Mesmo que tenha havido gente que pensasse
diferente, o Papa, com sua autoridade, reconhecendo a fé do povo de Deus,
declarou que essa é uma verdade que deve ser aceita. Nisso ele não erra. E a
bíblia diz com outras palavras essa verdade: “Salve, ó cheia da graça, o Senhor
está contigo” (Lc 1,28). Não podemos nos fixar em uma frase da bíblia, mas em
toda a Palavra de Deus. Era impossível Maria ter pertencido ao pecado original,
ela que seria a Mãe do Redentor, o Santo, o divino. Como o Redentor iria ser
fruto de uma árvore doente? O pecado não gerou a Redenção. Mas a graça,
penetrando o mundo do pecado a purificou na concepção.
Ele te esmagará a cabeça
O pecado de Adão e Eva tem origem em suas vontades. Deles vai a todo o
gênero humano. Desse gênero humano, uma criatura, por puro dom de Deus é
liberada do pecado original, ao ser concebida, para que o Filho de Deus, em sua
graça de redenção, iniciasse o novo mundo, a nova raça para a qual todos estão
destinados, e “esmagasse a cabeça da serpente”. Se o pecado é uma escolha, a
graça também é uma opção. O acolhimento da graça parte também de nossa vontade,
com a presença do Espírito Santo, que age em nosso querer e agir. Maria acolhe
a grande vontade de Deus que nos escolheu antes da criação do mundo para sermos
santos e irrepreensíveis diante dEle (Ef 1,2). Maria acolhe, primeiro como dom,
depois com correspondência ao dom que recebera. O privilégio não isenta Maria
dos sofrimentos nem da luta, como seu Filho. Por isso ela se aproxima de nós.
Podemos ser imaculados?
A graça dada a Maria, é um dom para toda a Igreja da qual é modelo e
esperança. Se Maria foi redimida em previsão dos méritos de Jesus, a Igreja é
redimida com garantia desses méritos, pois tudo é graça. Tudo o que fazemos é
dom. Acolhendo o dom e vivendo-o com a Graça, caminhamos como Maria, a
Imaculada. O povo de Deus, a Igreja, é santo enquanto de Deus, pecador quando
não corresponde. A missão de Maria é interceder para que, mesmo não sendo
puros, possamos chegar à pureza que Deus quer de nós: “Ele nos escolheu para
sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor” (Ef 1,4). Recebendo os
sacramentos, diz a oração de comunhão, sejam curadas em nós as feridas do
pecado, do qual foi preservada Maria.
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