PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
406.
Maria exemplo de culto
A
devoção que prestamos a Maria está normalmente ligada a sentimentos do coração.
Dizemos que gostamos muito de Nossa Senhora, que a invocamos sempre, que nos
agradamos de tudo o que se refere a ela, temos suas imagens e não deixamos de
carregar um escapulário ou uma medalha. Bom e bonito! Mas a devoção não é algo
intimista. A devoção é cristocêntrica. Amar Maria significa primeiramente fazer
o que ela fazia para Cristo. Uma vez que somos um corpo de membros unidos com
Cristo, nós nos unimos a Maria em tudo o que fazemos a Cristo. O que faz um
membro é todo o corpo que realiza. Maria torna-se exemplo no modo se servir a
Cristo. Fazendo o que ela faz, somos seus devotos. Como membros do corpo somos
pessoas vivas que se inter-relacionam. O primeiro exemplo que Maria nos dá
nesse corpo é sua atitude de culto. Ela ama, louva e agradece ao Deus-Trindade.
Ela adora seu Filho Jesus, que é seu Deus. Esse culto ela presta com toda a
Igreja. Maria é a diaconisa da liturgia celeste que presta culto, pois ela
serviu a Cristo e serve o povo de Deus. Como presta culto: Ela ouve, medita,
acolhe, vive e proclama a Palavra de Deus e procura interpretar os sinais dos
tempos na história pessoal e dos discípulos. Todos esses fatos ela os meditava
em seu coração (Lc 2,51). Seus sentimentos são os sentimentos da liturgia:
louvor, intercessão, agradecimento, acolhimento do Espírito. Rezamos em todas
as preces eucarísticas: “Unidos a todos os anjos e santos (Maria faz parte dos
santos) Vos aclamamos Santo, Santo, Santo...”. Vemos como a espiritualidade se
alimenta da espiritualidade litúrgica unida à espiritualidade mariana. Maria
presta culto ao Pai, unida a todo o povo sacerdotal de Deus.
407.
Maria, exemplo de oração
A
liturgia é preparada pela vida espiritual de cada fiel. A liturgia também
estimula o crescimento espiritual de cada um, porque ela “é cume e fonte da
vida cristã”. Já na encarnação temos descrito que vida de intimidade de Maria
com Deus se transforma em
louvor. Ouvindo a Palavra do Anjo ela dá o assentimento: “Eis
a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,37). Quando
visita Isabel, cheia do Espírito, unida ao filho que já habitava em seu seio,
ela prorrompe em ação de graças (eucaristia). “Minha alma engrandece ao Senhor
e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador ... o Todo-Poderoso fez em mim
grandes coisas, Santo é seu nome” (46-49). Ela apresenta seu Filho a Deus no
templo (2,22ss.), abrindo o grande ofertório que Cristo realizará em sua vida,
completando-o na cruz. A própria vida de Nazaré era uma contínua oração, uma
vez com rezar é falar com Deus. Em Caná, Maria é a intercessora. Pede a Jesus
que solucione a falta de vinho da festa. É o modelo perfeito, pois falava com
Cristo em Nazaré.
408.
Maria, exemplo de serviço
A fé
e a piedade cristã não consistem em conceitos e sentimentos, mas em uma atitude
de caridade operosa, inteligente e criativa. Jesus na ceia não deixa de dar o
tipo de caridade que ensina: Tomou uma bacia e lavou os pés dos discípulos e
disse: ‘Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós façais’ (Jo
13,1-17). Cristo é o servo, Maria é a serva do Senhor. Serve a Deus e aos
irmãos. O serviço fundamental de Maria é gerar Cristo e dá-lo aos irmãos. Mas
ela estende isso pela vida afora, primeiramente indo a serviço de Isabel. “Foi
apressadamente” pelas montanhas da Judéia. Continua servindo em Caná e depois
serve aos discípulos acolhendo-os e transmitindo-lhes sua experiência de vida
com Jesus, como podemos ver no evangelho da infância de Jesus.
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