quarta-feira, 9 de setembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “História da devoção a Maria”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
403. Jesus, o primeiro devoto
            A Igreja não inventou Nossa Senhora, nem criou uma devoção. Ela recebeu da primeira comunidade. De maneira jocosa podemos dizer que Jesus é o primeiro devoto de Maria. Seria um escândalo à fé e um mau exemplo muito forte se Ele tratasse mal sua mãe. Ele, Homem que era Deus, a chamava de Mãe e a amava, pois “lhes era submisso” (Lc 2,51-52), mesmo não deixando de lado suas responsabilidades “com as coisas do Pai” (49), Jesus viveu 30 anos com seus pais. Em Nazaré, José era conhecido por seu pai e Maria, sua mãe. No evangelho, a palavra mulher está dizendo, como nós, senhora. Era uma palavra de respeito. Maria seguiu Jesus em sua missão. Ele diz que seus familiares completavam sua outra família, seus discípulos (Mc 3,33-34). Como Maria, é sua família quem ouve a Palavra de Deus e a põe em prática. Lucas anota que ela guardava todos esses fatos (que são palavras de Deus) em seu coração (Lc 2,19). O carinho de Jesus, no momento de sua morte, entregou Maria para que os discípulos cuidassem dela, como cuidariam Dele. No momento da vinda do Espírito Santo, ela está no centro das 12 pedras angulares, os apóstolos. Jesus a coloca como mãe, no momento do nascimento da Igreja. Maria, humilde serva, reconhece a obra de Deus nela, por ter sido a Mãe de seu Filho: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim” (Lc 1,48-49). Os discípulos acolheram o amor e devoção de Jesus por sua mãe e passaram à primeira geração. Do contrário teria desaparecido logo.
404. A Igreja lembra Maria
            O grande amor que a Igreja sempre dedicou a Maria é uma resposta ao amor que sempre recebeu dela. Os evangelhos mostram esse reconhecimento a Maria. Ao deixar a memória dos fatos e palavras de Jesus como documento de fé, os evangelistas reconhecem a presença de Maria como necessária para a fé. Nos primeiros séculos houve um esforço muito grande da comunidade para não deixar misturar a fé com doutrinas contrárias. A pureza da fé era fundamental. Maria aparece imediatamente nas homilias mais antigas, como Militão de Sardes, do século II, diz em uma homilia pascal: “... Este é aquele que veio do céu à terra e se revestiu dela no seio da Virgem e se manifestou como homem. ... Este é aquele que se encarnou na Virgem... Este é o cordeiro que ficava mudo e foi imolado, o mesmo que nasceu de Maria, a formosa ovelha”. Na profissão de fé do batismo reza-se: “Encarnou-se no seio da Virgem Maria”. Fé não se muda. Temos orações populares, como “Sob vossa proteção nos acorremos, ó Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, ó Virgem gloriosa e bendita”. Há também a pintura na catacumba de Priscila, do ano 270, que mostra Maria com o Menino no colo e o profeta Balaão (Nm 24,17). A fé se transformara em arte. As preces eucarísticas sempre lembram a Mãe de Deus. Assim se multiplicam os testemunhos, como podemos ver também nos apócrifos. São documentos antigos e não invenções da Igreja.
405. Maria nos Concílios

            A Igreja, tanto do Oriente como do Ocidente, tem por Maria grande veneração. Na Igreja Etiópica há 37 festas de Nossa Senhora. O concílio de Éfeso, 431, ao reconhecer Jesus como Homem Deus, tem por chave a palavra Theotócos, Mãe de Deus. O concílio reconhece Maria como Mãe de Deus, pois seu Filho é Deus. Não lhe deu a divindade, mas é sua Mãe. Esse concílio deu um impulso ao amor do povo cristão por Maria, que se prolongou pelos outros concílios até culminar na riqueza mariana do Vaticano II.  

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