domingo, 13 de setembro de 2015

Homilia do 24º Domingo Comum (13.09.15) “Tu és o Messias!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Um Messias diferente.
Ouvindo a Palavra de Deus proclamada pelo profeta Isaias, encontramos a figura do Servo Sofredor. O texto é uma profecia sobre o sofrimento do Messias. Jesus explica que Ele é Messias: “Começou então a ensiná-los dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado... ser morto, e ressuscitar depois de três dias” (Mc 8,31). Aceitar o Cristo sofredor é pensar como Deus e não como homens como disse Jesus a Pedro (33). O sofrimento e morte de Jesus são um absurdo para os judeus e uma loucura para os pagãos (1 Cor 1,27). Ainda é incompreensível para tantos. O sofrimento redentor não pode ser entendido só como dor, mas como conseqüência de sua entrega a Deus. Esperava-se um Messias glorioso. O que resolveria? O Jesus - Messias não é solução política nem shows  espetaculares como lemos nas tentações de Jesus. O povo queria um Messias político por tinha a péssima experiência do poder e da tirania.  O Messias sofredor, ao contrário, entrega-Se totalmente ao Pai pela redenção total de todos, pois Se põe a serviço de todos. O Cristo - Messias sofredor não correspondia à expectativa do povo. Por isso foi desconsiderado e até confundido com outros profetas. Hoje não entendemos o sofrimento e a entrega. Há os que julgam que sofrimento é castigo ou que Deus não ouve nossa oração pedindo o alívio. É um erro grave de alguns segmentos dos cristãos.
A obra da fé.
          Pedro responde em nosso nome à pergunta de Jesus “quem dizem os homens que Eu sou?” A resposta é um ato de fé. Tiago explicita o que é crer. Certamente havia uma crise entre os cristãos sobre a fé e a caridade. O que salva? Como ouvimos dizer por aí, basta crer para ser salvo. Paulo não quis dizer isso, pois afirma em Gálatas que a fé deve ser operosa, com obras, na caridade (Gl 5,6). A fé salva, mas sem a caridade ela não passa de uma teoria. Tiago dá um exemplo claro: Se alguém tem fome e você diz que ele vá e se sacie, e não dá o alimento, o que adianta? A obra da caridade está no coração da opção de Jesus de seguir até à cruz. A caridade tem que ser como Jesus: ir até o fim. Fé sem caridade é vazia, é morta, como diz S. Tiago. Ele é prático:  A caridade sem a fé é social e não tem conteúdo. Só sai de si quem encontra a razão em Jesus. Ele continua amando através de quem ama. Que a ação da Eucaristia penetre todo nosso ser para que não sejamos movidos por nossos impulsos, mas pela graça do Sacramento (Oração pós -comunhão).
Seguimento que salva.
Só há um modo de acreditar no Messias Jesus Cristo: Tomar a cruz e segui-Lo. Assim é o discípulo. O Messias Jesus não coincide com as expectativas do judaísmo. Ser discípulo também não corresponde ao conceito de então e mesmo até hoje. Ser discípulo não é só aceitar Jesus, mas é fazer como Ele fez: renunciar a si mesmo e tomar a cruz. Não se trata de sofrimento, mas da disposição com que Jesus Se entrega ao Pai pelo mundo. E completa com o sentido contraditório a tudo que o “mundo” pensa: “Quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de Mim e do evangelho, vai salvá-la” (Mc 8,35). Podemos entender aqui aquelas palavras de Simeão: “Este Menino está posto como sinal de contradição” (Lc 8,34). Hoje, a recusa aos discípulos de Jesus não é contra eles, mas contra Jesus ao qual estão unidos. Nossa disposição será sempre o que nos sugere o salmo: ‘Andarei na presença do Senhor na terra dos vivos (Sl 114).
Leituras: Isaias 50,5-9ª;  Salmo 114; Tiago 2,14-18; Marcos 8,27-35 
1.    O texto sobre o Servo Sofredor é uma profecia sobre o Cristo - que apresenta como o sofredor para a redenção de todos. Jesus recusa a visão que tinham sobre o Messias glorioso. O sofrimento redentor não pode ser confundido com a dor, mas como conseqüência de sua entrega a Deus. Um Messias político nada resolveria. Jesus se põe a serviço. Por isso não foi aceito. Há cristãos que não entendem o sentido do sofrimento redentor. 
2.     Pedro afirma em nome de todos, professando a fé em Jesus como o Messias. É um ato de fé que deve vir com a caridade, pois a fé sem obras é morta. A caridade deve ir até o fim como foi a caridade de Jesus em sua entrega ao Pai, pela redenção. A Eucaristia nos move pelo impulso da graça. 
3.     Só há um modo de acreditar no Messias Jesus Cristo: tomar a cruz e segui-lo. Ser discípulo não é só crer em Jesus, mas fazer como ele fez: renunciar a si mesmo e tomar a cruz. É o sentido contraditório: quem quiser salvar a vida, vai perdê-la. A nós compete andar na presença do Senhor na terra dos vivos. 
De peito estufado                                                                                         O texto do evangelho coloca-nos diante de um momento difícil da vida de Jesus. Depois de um bom tempo de ministério de anúncio do Reino, constata que o povo não sabe ainda quem Ele é e O confunde com o sumido profeta Elias, o falecido João Batista ou como se fosse um dos antigos profetas que saiu da cova. 
         Pergunta então aos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro diz com vigor: “Tu és o Messias”.
       Jesus começa então a tirar da cabeça dos discípulos a idéia errada que tinham sobre o Messias dizendo que Ele, o Messias, iria sofrer muito, ser rejeitado pelos sacerdotes, ser morto e ressuscitar depois de três dias.
       Pedro, com mais ousadia, chama Jesus de lado e começa a repreendê-Lo por dizer essas coisas. Jesus dá uma resposta dura: “Vai para longe de mim, Satanás, tu não pensas como Deus e sim como os homens”. Jesus disse essas palavras depois de ter olhado para os discípulos significando: tenho um compromisso com eles também, não só comigo.

       A ousadia do discípulo é ser igual ao mestre, na proposta que faz Jesus: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mc 8,34)

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