Evangelho segundo S. Lucas 5,1-11.
Naquele
tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de
Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos
estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar
as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se
afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a
multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai
as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda
a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles
assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam
a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para
os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se
afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e
disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade,
o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da
pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que
eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante
serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles
deixaram tudo e seguiram Jesus.
Da Bíblia Sagrada - Edição
dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Tratado sobre o evangelho de S. Lucas
«Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca»
«Faz-te ao largo» quer dizer: avança para o
mar alto dos debates. Haverá profundidade comparável aos «abismos da riqueza, da
sabedoria e da ciência do Filho de Deus» (Rom 11,33), à proclamação da sua
filiação divina? [...] A Igreja é conduzida por Pedro para o mar alto do
testemunho, para contemplar o Filho de Deus ressuscitado e o Espírito Santo
derramado.
O que são estas redes de apóstolo que Cristo nos manda
lançar? Não serão o encadeado das palavras, as voltas do discurso, a
profundidade dos argumentos, que não deixam escapar aqueles que são agarrados?
Estes instrumentos de pesca dos apóstolos não matam a presa, mas guardam-na,
retiram-na dos abismos para a luz, conduzem-na lá de baixo até às alturas. [...]
«Mestre», diz Pedro, «andámos na faina toda a noite e não apanhámos
nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes.» Também eu, Senhor, sei que é de
noite para mim quando não és Tu a dar-me as ordens. Ainda não converti ninguém
com as minhas palavras, ainda é noite. Falei no dia da Epifania: lancei a rede,
mas ainda não apanhei nada. Lancei a rede durante o dia. Espero as tuas ordens;
à tua palavra, tornarei a lançá-la. A confiança em si mesmo é vã, mas a
humildade dá muito fruto. Eis que aqueles que até então não tinham apanhado
nada, à palavra do Senhor capturam uma enorme quantidade de peixes.
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