quarta-feira, 3 de junho de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Matrimônio para além das portas”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
307. Deixará a casa de teu pai
            O caminho espiritual do casamento se enriquece à medida que descobre suas diversas dimensões: alguém se casa com uma pessoa que pertence a uma família, a  uma comunidade e a um povo. A tendência atual é o isolamento do casal. Se por um lado deva existir uma independência, por outro, deve-se estar consciente de pertencer a outras comunidades. Ao nascer entramos em uma comunidade na qual nos desenvolvemos. Quando alguém se casa, aumenta esse relacionamento. O primeiro passo dessa participação é a família dos noivos. Um dos desafios é casar as famílias entre si. O texto bíblico afirma que o homem deixará a casa de seu pai e se unirá a sua mulher. Indica uma saída de um mundo e a entrada em outro. Adaptar-se é um desafio pra os noivos. Serão novos costumes, tradições e até temperos de comida. O matrimônio unirá outra família à sua. O namoro não é tirar o filho da casa, mas integrá-los de modo que as famílias se unam. É um processo de multiplicação das energias transformadoras do amor. Vejamos a sabedoria de Deus. Não se restaura a sociedade como uma massa, mas em suas células. As Santas Escrituras, desde as primeiras páginas, salientam essa união de pessoas de famílias diferentes. Deixar a família não é perdê-la, mas compor com elas. Rute, quando instada por sua sogra Noemi a voltar a sua família, diz: “Trate-me o Senhor com todo o rigor se outra coisa, a não ser a morte, me separar de ti” (Rt 1,15,17). A espiritualidade matrimonial gera essa união e dela se enriquecerá.
308. Casados em uma comunidade
            Na celebração do matrimônio há sempre uma grande participação de povo: amigos, parentes e padrinhos. Está presente a comunidade, nem que seja só pelas testemunhas qualificadas (sacerdote e testemunhas). É uma bela festa da comunidade. É na comunidade que os filhos nascem. É ali que vivem, vão crescer e formar sua família. Jesus fez esta experiência de viver em uma comunidade. Era chamado de nazareno. Ali freqüentava a comunidade para a oração. A família, pelo sacramento, é inserida em uma comunidade. No batismo somos inseridos em uma comunidade. O matrimonio também nos coloca mais profundamente, não tanto numa comunidade que me recebe, mas numa que eu assumo. Tenho responsabilidade para com ela. Tanto civil como religiosamente. A participação respeita o jeito de cada um ser e cada um assume de acordo com seu dom. Casar-se é casar com uma comunidade. O isolamento é destruidor da família.
309. Teu povo será meu povo
            A comunidade significa também assumir as características de cada realidade, de cada povo. Vejamos a situação de quem se casa com um estrangeiro. Vivemos sempre como povo, pois Deus nos criou como povo e como povo nos redime. Jesus teve consciência de pertencer a um povo, pois até hoje, mesmo na Glória, continua sendo proveniente de um povo que escolheu para si. A Igreja presente em todos os povos deve tomar suas cores, suas tradições, seu modo de ser e assim se encarnar, não perdendo sua realidade de Igreja de Jesus Cristo. Pena que nem sempre tenha acontecido assim. Rute diz a Noemi que “teu povo será meu povo”. Assim ela se tornou uma das “avós” de Jesus. É uma estrangeira. As famílias se unem em uma comunidade que faz parte de um povo. A espiritualidade nos abre a um universo maior. Somos responsáveis por uma comunidade e um povo. Esse povo e essa comunidade nos assumem. Realizamos a redenção matrimonial, célula familiar da Igreja, criando um novo céu e uma nova terra.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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